Cerca de 950 profissionais cubanos desembarcam no Brasil até o fim de junho para trabalhar no Mais Médicos. O grupo deve vir acompanhado de outros 300 que já atuavam no programa e haviam retornado temporariamente – para passar férias ou para renovar documentos. O desembarque sela o entendimento entre governo brasileiro e cubano, depois de um impasse que durou cerca de um mês.

Em abril, Cuba havia suspendido o envio de profissionais ao programa, em reação ao aumento expressivo de médicos que, chamados de volta pelo país, entraram na Justiça e obtiveram o direito de continuar no Mais Médicos. Foram ao menos cem profissionais com liminares.

Em uma reunião realizada há duas semanas, Cuba e Brasil entraram em acordo. O governo brasileiro informou que passaria a punir prefeituras que incentivassem cubanos a ingressar com ações na Justiça para permanecer no País. Além disso, abriu a possibilidade de Cuba negociar diretamente com prefeituras para enviar novos profissionais, desde que elas arcassem com o pagamento dos salários, em uma espécie de programa paralelo do Mais Médicos. Algo atrativo para o governo cubano, pois significa a possibilidade de expansão dos convênios e, consequentemente, de receitas.

Por causa do impasse dos meses anteriores, há o risco de o cronograma ser mais lento do que o inicialmente previsto – com a possibilidade de algumas cidades serem prejudicadas. Mas o objetivo é de que todas as vagas sejam respostas.

Críticas

Desde que assumiu a pasta, o ministro da Saúde, Ricardo Barros, mostrou a intenção de reduzir a participação de cubanos no Mais Médicos. O ministro deixou claro que a atuação de estrangeiros ficaria restrita a áreas consideradas pouco atrativas para brasileiros, como distritos de saúde indígena.

Dentro da pasta, no entanto, é certo que a velocidade para substituição de cubanos por médicos brasileiros tem de ser controlada para evitar vazios assistenciais. Embora a resistência de profissionais brasileiros ao Mais Médicos tenha caído de forma expressiva, quando comparada aos primeiros meses do programa, há ainda um problema grave – os altos índices de desistência, uma dificuldade que não ocorre com cubanos. As informações são do jornal O Estado de S. Paulo.