O Instituto de Finanças Internacionais (IIF, na sigla em inglês) afirmou em relatório nesta quarta-feira, 27, que a economia do Brasil deve crescer 0,7% em 2017 e 2,7% em 2018. Na avaliação da entidade, o investimento deve passar a apoiar mais a economia do País, conforme as companhias se beneficiam do ambiente de juros mais baixos.

O IIF também aponta que a inflação desacelerou e em agosto de 2017 estava abaixo da meta do banco central. “Os principais motores têm sido a recessão, a forte produção agrícola e as credenciais de combate à inflação do banco central, que ajudam a ancorar as expectativas”, diz o IIF. “Embora nós projetemos uma aceleração da inflação em 2018, ela deve continuar na meta.”

O instituto afirma que três fatores ajudaram recentemente a melhora a confiança no Brasil: reformas para melhorar a produtividade ganharam vigor, em meio à crescente pressão sobre políticos por causa de investigações de corrupção; o cenário global ajudou as exportações; e a inflação bem ancorada e a estabilidade financeira.

O IIF diz, porém, que há vários riscos para a perspectiva, notadamente o déficit fiscal considerável, que torna “crucial” a aprovação de uma reforma previdenciária para a sustentabilidade das contas públicas.

O fracasso em controlar gastos iria reduzir o apoio do mercado e pressionar o câmbio, o que levaria a um aperto monetário e pressionar o crescimento”, avalia o IIF. Além disso, as investigações de corrupção ainda em andamento poderiam levar a mais distúrbios políticos e sociais e enfraquecer a confiança. Além disso, há riscos ligados ao cenário global.

O IIF diz, de qualquer modo, que a combinação de condições macroeconômicas melhores e medidas pró-mercado e uma frágil posição fiscal devem favorecer um candidato prudente para a eleição presidencial de outubro de 2018. “Isso deve tornar a continuidade da direção atual na política no médio prazo mais provável”, acredita o IIF.

Crescimento global

O instituto afirmou em relatório que o crescimento global deve ficar um pouco acima do antes esperado pela instituição. O IIF projeta agora que a economia mundial cresça 3,2% neste ano, de 3,1% anteriormente previsto. Em 2018, ele deve ser de 3,3%, também acima dos 3,2% antes projetados.

O IIF afirma que as economias emergentes devem crescer 4,7% neste ano (de 4,6% anteriormente). A zona do euro deve crescer 2,2% em 2017 e 2,0% em 2018, nos dois casos uma elevação de 0,3 pontos porcentuais na projeção.

No caso da China, o crescimento econômico deve ser de 6,8% neste ano e de 6,7% em 2018. Já os Estados Unidos devem crescer 2,2% em 2017, menos que os 2,4% antes esperados, e avançar 2,4% em 2018.

Em seu relatório desta quarta-feira, o IIF diz que a perspectiva global para 2018 “parece agora mais firme que em abril”, com notícias positivas em vários países. Além disso, apesar do crescimento robusto e da melhora no emprego, as pressões sobre a inflação e os salários permanecem contidas.

O IIF aponta, porém, que a era da política monetária extraordinariamente relaxada está chegando ao fim, com o Federal Reserve (Fed, o banco central norte-americano) reduzindo seu balanço e o Banco Central Europeu (BCE) provavelmente caminhando para reverter sua política mais relaxada ao longo de 2018.

No caso dos EUA, o IIF disse que projeta crescimento menor graças aos poucos progressos do presidente Donald Trump nos estímulos que pretende aprovar, embora as condições financeiras estejam mais relaxadas que o antes projetado.

Quanto aos emergentes, o IIF afirma que a recuperação nos exportadores de commodities ganha impulso, após “alguns anos difíceis”. Esses países também são beneficiados pela paciência do Fed no aperto monetário gradual.

Entre os emergentes com projeções disponíveis, o IIF espera crescimento de 0,7% neste ano e de 1,4% em 2018. No caso da Rússia, a expectativa é de avanço de 1,7% e 2,3%, respectivamente.