Na escala de desempenho econômico, o Brasil acaba de cravar sua pior marca. No universo avaliado de 190 países, ele está ocupando uma das derradeiras posições, mostrando resultados abaixo dos auferidos por 82% das nações analisadas. Isso para o biênio 2020/2021, segundo levantamento da Fundação Getúlio Vargas, com base em projeções do Fundo Monetário Internacional (FMI). Será o fundo do poço? Talvez não. Economistas estão frustrados com as chances de o País retomar o curso. Pelo FMI, o PIB nacional ficará na casa de 5,3% negativos, figurando na lanterna entre o dos emergentes. O coquetel de câmbio descontrolado – gerando prejuízos bilionários para empresas já no primeiro trimestre do ano –, aumento da inadimplência de contratos e fuga de capitais por descrença nos rumos políticos internos, tem gerado a tal tempestade perfeita. O mercado aposta cada dia mais em uma desistência do ministro Paulo Guedes, insatisfeito com as concessões feitas pelo presidente ao grupo de partidos do Centrão. Caso o czar da economia jogue a toalha, muitos entendem que será o “game over”. Não enxergam alternativas razoáveis em meio aos pendores bolsonaristas de ceder cada vez mais espaço – cargos e verbas – aos novos aliados, para garantir a própria reeleição. De uma maneira ou de outra, o “projeto liberal” de enxugamento do Estado, preconizado por Guedes, parece mesmo fadado ao fracasso, seguindo para as calendas.

A reforma administrativa e, também, a tributária patinam. A dança das cadeiras em Brasília corrobora o corolário de que o presidente não teme mais se desfazer dos quadros técnicos. Ao contrário: aposta com maior vigor e ânimo naqueles que pensam como ele e seguem seus mandamentos, sem pestanejar. O quadro crescente de quebra fiscal do setor público tem assustado a partir das bombas disparadas em cima do orçamento. As contas estão chegando a um nível insustentável. Gastos extras com os estados, despesas extraordinárias com a Covid-19, via auxílios emergenciais e, principalmente, os benefícios mantidos ao funcionalismo público, com as atividades paradas devido ao isolamento, vêm aprofundando o quadro de insolvência federal. A arrecadação, por sua vez, tem caído abruptamente e, em alguns casos, de maneira irreversível, dada a quebradeira de empresas. Os R$ 124 bilhões de déficit fiscal do ano passado devem, em 2020, ser multiplicados por seis ou sete vezes, sem qualquer programa de ajuste alinhavado no curto prazo. São perspectivas tenebrosas que apontam para as chances de o Brasil virar a Argentina. Nesse sentido, as possibilidades nunca foram tão concretas. E os investidores já perceberam isso. Daí, o Brasil despencar também nas apostas.