SÃO PAULO (Reuters) -O Ministério da Saúde confirmou nesta sexta-feira a primeira morte no país relacionada à varíola dos macacos, de um paciente com comorbidades que estava hospitalizado em Belo Horizonte, a primeira morte pela doença fora da África desde que o vírus voltou a atrair a preocupação das autoridades sanitárias mundiais.

“Trata-se de um paciente do sexo masculino, de 41 anos, com imunidade baixa e comorbidades, incluindo câncer (linfoma), que levaram ao agravamento do quadro”, informou o ministério em nota.

A causa de óbito foi choque séptico, agravada pela varíola dos macacos, acrescentou a pasta.

Em entrevista coletiva convocada após o anúncio da morte, o secretário-executivo do Ministério da Saúde, Daniel Pereira, disse que gostaria de tranquilizar a população que a varíola dos macacos é uma doença viral “de baixíssima letalidade”.

“A transmissão, diferentemente do Covid, se dá apenas através de contato direto com feridas infecciosas ou fluído corporal dessas próprias lesões”, acrescentou.

No fim de semana, a Organização Mundial da Saúde (OMS) declarou a enfermidade uma emergência de saúde global, seu nível mais alto de alerta, com mais de 18.000 casos relatados globalmente.

Até esta sexta-feira, cinco mortes tinham sido relatadas no mundo pela doença, todas no continente africano. Pouco depois do anúncio do Brasil, a Espanha também relatou a primeira morte no país e no continente europeu.

No Brasil, o ministério anunciou na quinta-feira a criação de um Centro de Operações de Emergência para preparar um plano de contingência para enfrentar o surto da doença, que começou a funcionar nesta sexta.

Até o momento, o país registra 1.066 casos da doença, a grande maioria (744) em São Paulo, de acordo com dados do ministério. Segundo o ministério, mais de 98% dos casos no país são de homens que fazem sexo com homens, com idade média de 33 anos.

VACINA

De acordo com o secretário nacional de Vigilância Sanitária, Arnaldo Medeiros, o Brasil buscou o laboratório dinamarquês Bavarian Nordic, produtor de uma vacina de vírus não replicante para varíola dos macacos, para comprar o imunizante, mas foi informada pela empresa que as tratativas deveriam ser feitas por meio da Organização Pan-Americana da Saúde (Opas).

O Brasil então fez uma encomenda à Opas de 50 mil doses da vacina, como parte de um pedido total da organização de 100 mil doses para a região, com expectativa de chegada das primeiras doses em setembro. Há uma dificuldade de produção em larga escala no momento, segundo o secretário.

Medeiros ressaltou, no entanto, que a OMS não preconiza a vacinação em massa contra a varíola dos macacos.

“A gente não está falando de uma campanha de vacinação como a gente falava para a Covid-19, são doenças absolutamente distintas”, disse, acrescentando que a recomendação de vacinação é principalmente para trabalhadores de saúde, em especial aqueles que fazem o manejo de amostras coletadas a partir das lesões, e dos contactantes diretos.

(Por Pedro Fonseca, em São Paulo; Edição de Flávia Marreiro e Alexandre Caverni)

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