O ex-presidente do Bradesco Lázaro de Mello Brandão morreu no começo desta quarta-feira, 16, aos 93 anos. Ele dedicou 76 anos de sua vida ao banco, onde começou a trabalhar em 1942. Sob seu comando, o Bradesco se consolidou como o maior banco privado do Brasil, posição que só perdeu após a fusão de Itaú e Unibanco, em 2008.

Economista e administrador, Brandão assumiu a presidência do Bradesco em 1981, no lugar de Amador Aguiar, fundador do banco e morto em 1991. Ficou no cargo até 1999.

No início dos anos 1990, também passou a acumular a presidência do conselho de administração do banco. Saiu do cargo em 2017, função que passou a ser exercida por Luiz Carlos Trabuco Cappi – que era o presidente executivo, cargo que passou para Octávio de Lazari Júnior.

Nascido em Itápolis (SP), Brandão começou como escriturário ainda na Casa Bancária Irmãos Almeida, em 1942. Um ano depois, a instituição foi comprada pelo Bradesco.

Até pouco tempo atrás, Brandão batia ponto todo dia na sede do banco na Cidade de Deus, em Osasco. Chegava às 7h30 e ficava até um pouco mais do horário das 5 horas da tarde.

Em sua agenda estavam as decisões dos conselhos de administração da Fundação Bradesco e da holding que controla as empresas do banco.

À frente de uma das maiores instituições financeiras do País, passou pelo período de hiperinflação do governo José Sarney, presenciou a abertura da economia e o impeachment de Fernando Collor de Mello e a estabilização da moeda.

Brandão deixa a mulher, duas filhas e um neto.

‘Legado inestimável’

Em nota, Octávio de Lazari disse que Brandão marcou não apenas a história do banco, “mas também a história pessoal de todos nós”. No mundo empresarial, segundo o executivo, seu Brandão firmou posição de liderança e tornou-se referência, com seu estilo “calmo, discreto, mas decidido”.

“Seu profundo conhecimento sobre o mercado financeiro, e a visão sóbria e exata da economia brasileira, foram fundamentais para a construção do Bradesco e de toda uma cultura de negócios que marcou várias gerações de executivos”, afirmou o executivo. “Ele construiu, ao lado de Amador Aguiar, uma das empresas de maior sucesso no Brasil.”

Luís Carlos Trabuco, por sua vez, afirmou, em comunicado, que o sistema financeiro perde “um dos mais ilustres e tradicionais representantes, que sempre soube guiar-nos pelos elevados ideais de honestidade, coerência profissional e dedicação”. “Foi uma honra trabalhar, conviver e ser inspirada por esse ícone e grande líder, cuja ausência será muito sentida”, disse.

O presidente do Santander Brasil, Sergio Rial, destacou o “legado inestimável” deixado por Brandão e o fato de ele ter construído uma das culturas mais sólidas de um grupo corporativo no Brasil. “O banqueiro Lázaro Brandão foi um dos pilares na construção de uma organização contemporânea e à frente do seu tempo. Pensava em tecnologia e clientes muito antes”, disse em nota.

O presidente do Itaú Unibanco, Candido Botelho Bracher, afirmou, também em comunicado, que “seu Brandão foi personagem-chave não apenas para a construção de um dos maiores bancos do mundo, mas também para o desenvolvimento da economia brasileira nas últimas décadas”.