Os britânicos vão saber na terça-feira o nome do sucessor da primeira-ministra conservadora britânica Theresa May, um cargo que parece assegurado para o polêmico Boris Johnson, cuja vitória reforçaria um possível Brexit sem acordo.

Favorito nas pesquisas e entre os militantes do Partido Conservador, Boris Johnson vislumbrou neste domingo uma das dificuldades que o aguardam. O ministro das Finanças, em desacordo com sua estratégia sobre o Brexit, anunciou que renunciará, caso ele vença.

Boris Johnson, de 55 anos, ex-ministro das Relações Exteriores, enfrenta nesta corrida Jeremy Hunt, 52 anos, seu sucessor à frente da diplomacia britânica.

Os 160.000 membros do Partido Conservador devem decidir entre os dois. A votação termina na segunda-feira e o anúncio dos resultados será na terça-feira.

O vencedor será nomeado chefe do Partido Conservador e se apresentará na quarta-feira perante a rainha Elizabeth II, que confiará a ele a responsabilidade de formar um governo.

Principal protagonista da vitória do Brexit no referendo de 23 de junho de 2016, o ex-prefeito de Londres não descarta uma saída da União Europeia (UE) sem acordo em 31 de outubro, data da partida, inicialmente agendada para 29 de março.

Uma estratégia inaceitável para o ministro das Finanças Philip Hammond.

“Se Boris Johnson se tornar o próximo primeiro-ministro, entendo que as condições para estar no seu governo incluem a aceitação de uma saída sem acordo em 31 de outubro, e isso é algo que eu nunca poderei aderir”, disse na BBC.

– “Humilhação” –

O ministro informou que renunciará antes mesmo de ser convidado a deixar a pasta.

“Tenho certeza de que não serei demitido porque vou renunciar antes”, disse ele.

“É muito importante que o primeiro-ministro possa ter um ministro das Finanças com uma linha muito próxima da dele, então pretendo apresentar minha renúncia a Theresa May antes que ela vá ao palácio [de Buckingham] para apresentar sua própria demissão na quarta-feira à rainha”, explicou Hammond.

Embora seja improvável que Hammond permaneça no cargo em caso de vitória de Boris Johnson, suas declarações demonstram a oposição que este enfrenta, mas também o medo que pode inspirar um “não acordo”.

Deixar abruptamente o bloco europeu constituiria uma “humilhação”, estimou o ministro da Justiça, David Gauke, que também anunciou no Sunday Times que renunciaria se Johnson vencesse.

O futuro primeiro-ministro terá a árdua tarefa de triunfar onde May falhou: aplicar o Brexit em um país ainda profundamente dividido sobre o assunto, três anos após o referendo.

Esta divisão ficou clara no sábado, quando dezenas de milhares de pessoas saíram às ruas de Londres para dizer “Sim à Europa” e “Não ao Boris”.

“Ele diz besteira, promete absurdos e faz o que lhe agrada”, disse um manifestante, Michael Fowler, em referência a Boris Johnson.

O futuro chefe do governo também terá que lidar com as tensões no Golfo e a captura pelo Irã do “Stena Impero”, um petroleiro de uma bandeira britânica.