11/11/2019 - 8:00
Iniciar uma trajetória empreendedora no Brasil não é fácil. Talvez o que mais tire o sono dos potenciais empreendedores é a necessidade de investimento financeiro. Mas, acredite, é possível empreender sem investidores, com recursos próprios e apoio de muitas pessoas experientes. Essa jornada é conhecida como bootstrapping.
Muitas pessoas me perguntam o que aprendi nessa jornada. Confesso que, às vezes, parece que ainda não sei nada. Sem falsa modéstia. Não me especializei em nenhuma área e tenho essa sensação de que deveria ter conhecimento maior do que tenho comparado ao tamanho do desafio que enfrento. No dia a dia, continuo batendo cabeça com cada problema. No entanto, percebi que, ao compartilhar a minha história, ajudava no aprendizado e motivação de outros. Estar à frente de um dos maiores cases de bootstrapping do País me trouxe aprendizados únicos. O primeiro deles é que bootstrapping não é para iniciantes. Normalmente, empresas que conseguem crescer exponencialmente, sem investimentos, não são fundadas por empreendedores de primeira viagem e sim por pessoas bem experientes. O meu caso foi diferente.
Não fui um empreendedor desde novo, igual àquelas pessoas fantásticas que, aos 13 anos, já vendem algo para os amigos na escola, aos 15 fundam sua primeira empresa e, antes dos 18, já tem seu primeiro exit. Fui sempre um bom aluno, cursei engenharia de produção na UFMG e, quando me formei, trabalhei em duas das maiores empresas privadas do país: Ambev e Vale. Ou seja, até então, uma carreira bem corporativa. Ali, vi que o que forma um empreendedor não é o fato de ter um CNPJ e, sim, a forma como atua e encara os desafios. Empreendedorismo é ação. A forma que eu me comprometia, assumia riscos e responsabilidades, pensava em soluções fora da caixa e me motivava foram essenciais para compor meus skills quando decidi ter a minha própria empresa. Entendi que quando se empreende, todo cliente é seu chefe. Horário flexível? É ótimo, pois, assim, você trabalha todos os dias e horários, inclusive sábado, domingo, feriados, Natal, Réveillon e até em sua lua de mel.
Outra lição que aprendi é que é necessário validar hipóteses e lidar com frustrações. O objetivo deve ser descobrir o quanto antes se suas hipóteses estão erradas. Assim, é possível aprender mais rapidamente o que deve mudar para, de fato, encontrar o product market fit. Também é importante entender quando não há outra saída! Um negócio que está começando é incerto, mas se der realmente certo, ele vai crescer mais rápido do que dá para estruturar uma empresa. Só arregaçando a manga e se dedicando loucamente é possível manter o negócio de pé.
Não basta apenas os fundadores agirem como donos, todo o time inicial precisa entrar no espírito. Por isso tenha um propósito claro para a sua empresa. Para envolver os funcionários no desafio, engajá-los mais do que em um emprego qualquer, é necessário ter pessoas que acreditam no mesmo propósito para voar.
(*) Max Oliveira é CEO e fundador da MaxMilhas, plataforma
que vende passagens aéreas mais econômicas