A BRF e a AES Brasil devem investir R$ 825 milhões em uma joint venture para a construção de parque eólico no Complexo Eólico Cajuína, no Rio Grande do Norte. A BRF desembolsará de forma direta o primeiro aporte, de R$ 80 milhões, durante o desenvolvimento do projeto, cujo início das atividades está previsto para 2024. A unidade terá capacidade instalada de 160MW e geração anual de 80MW médios, comercializados por meio de contrato de compra e venda de energia de 15 anos. Cada MW instalado custará cerca de R$ 5,2 milhões. Nesse período, a operação suprirá um terço das necessidades energéticas da empresa no país, o que representa uma redução de custos na ordem de R$ 735 milhões.

Com a iniciativa, a BRF tenta acelerar a sua agenda de sustentabilidade e pretende chegar em 2030 com mais de 50% da sua matriz energética proveniente de fontes limpas. A empresa ainda projeta atingir 25% do consumo de energia de fontes eólica ou solar já em 2022, um salto de 22 pontos porcentuais em dois anos. A multinacional visa à descarbonização das operações até 2040. Além da transição energética, investe em compra sustentável de grãos, agricultura de baixo carbono e eficiência operacional.

A operação gerida pela joint venture corresponderá a cerca de 13% da capacidade no cluster eólico Cajuína, que tem potencial instalado de 1,2GW. A AES Brasil prevê investir mais de
R$ 2 bilhões no complexo até 2025 para ampliar a oferta de energia limpa e renovável no país. Além da BRF, Ferbasa e Minasligas firmaram contratos para construção de parques em Cajuína, maior ativo do portfólio eólico da AES em potencial instalado. A companhia espera iniciar as obras no quarto trimestre deste ano.

A corrida das empresas para erguer estruturas de autogeração de energia limpa atende também às buscas por mitigar os riscos de escassez de abastecimento e pela redução de custos produtivos.

SECA PRESSIONA MERCADO As hidrelétricas correspondem a mais de 68% da produção de energia no Brasil. Com a falta de chuvas, o apagão é uma ameaça constante que paira sobre o mercado nacional. Em agosto, o IGP-10, prévia do indicador de preços da FGV, acelerou 1,18% contra 0,18% em julho. O maior impacto da alta está nos valores dos alimentos. Na tentativa de controlar os riscos, o ministro de Minas e Energia já indicou que o governo trabalha em um programa para bonificar a redução do consumo de energia e deve lançar o projeto até setembro.