Por Lisandra Paraguassu

BRASÍLIA (Reuters) – O presidente Jair Bolsonaro se recusou a responder se aceitará o resultado das eleições, caso seja derrotado, acusou o ministro do Supremo Tribunal Federal Alexandre de Moraes de ser parcial e disse que está esgotando “os recursos dentro das quatro linhas da Constituição”.

Em uma conversa com jornalistas, na manhã desta quinta-feira, Bolsonaro foi diretamente perguntado se aceitará o resultado das eleições se as urnas indicarem que ele havia perdido.

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“Democraticamente eu espero eleições limpas”, foi sua resposta, antes de mudar de assunto.

Diante de uma série de insinuações de Bolsonaro nos últimos meses, há um temor nos demais Poderes que o presidente se recuse a aceitar o resultado das eleições, caso seja derrotado, e tente algum tipo de golpe para invalidar o pleito.

De acordo com as pesquisas eleitorais até agora, Bolsonaro está atrás do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva a uma distância que varia de 15 a 11 pontos percentuais, e perde em todos os cenários de segundo turno.

Ao ser perguntado sobre as seguidas tentativas de processar Alexandre de Moraes –que será presidente do Tribunal Superior Eleitoral (TSE) durante as eleições–, o presidente afirmou que Moraes é parcial e afirmou ser vítima de um “abuso de autoridade”.

“Estamos esgotando tudo dentro das quatro linhas da Constituição. Você tem dúvida de que tem um abuso de autoridade para comigo? Esse próprio inquérito das Fake News não passou pelo MP. Eu nunca vi um inquérito durar tanto tempo como esse. O que quer o senhor Alexandre de Moraes? Ele quer um confronto, ele quer ruptura?”, atacou.

Em seguida, perguntado se achava que Moraes era imparcial para presidir o TSE durante as eleições, Bolsonaro garantiu que não.

“Totalmente parcial, não tenho dúvida disso. Os próprios atos dele bem demonstram”, afirmou.

Bolsonaro voltou a criticar as urnas eletrônicas, mais uma vez sem apresentar evidências que corroborem as suspeitas que levanta, e a cobrar que o TSE aceite sugestões feitas pelas Forças Armadas para supostamente melhorar a segurança do pleito. O tribunal já respondeu às sugestões e informou que elas ou não são factíveis –como uma apuração paralela a ser feita por um computador controlado pelos militares– ou já foram cobertas.

“Está difícil conversa com TSE. Eu estou pronto para o diálogo, mas eles não aceitam até o momento conversar sobre isso”, disse Bolsonaro.

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