Mensagens do cabo da Polícia Militar (PM) Luiz Paulo Dominguetti, que teve seu celular apreendido pela Comissão Parlamentar de Inquérito (CPI) da Covid-19, citam que o presidente Jair Bolsonaro (sem partido) teria participado pessoalmente da negociação para a compra da vacina AstraZeneca, que seria superfaturada e alvo de pedido de propina. A informação foi divulgada pelo site O Antagonista.

Nas mensagens acessadas, Dominguetti dialoga com o nome identificado como “Rafael Compra Deskartpak”, que seria outro representante da Davati, que intermediaria a negociação. No dia 8 de março, às 10h05, o PM encaminha o texto: “Manda o SGS (certificado de garantia do imunizante). Urgente. O Bolsonaro está pedindo”.

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A mensagem teria sido enviada pelo reverendo Amilton Gomes de Paula, que entregou atestado médico para não depor na CPI nesta quarta-feira (14) – o presidente da CPI, Omar Aziz (PSD-AM) espera a validação do atestado antes de reagendar o testemunho. Paula é suspeito de ser o intermediário na transação comercial entre a empresa e o governo federal.

Depois de receber a resposta, Dominguetti insiste em “alinhar (o pedido de vacinas) com o reverendo”. “O reverendo está em uma situação difícil neste momento. Ofereceu vacina no ministério. Presidente chamou ele lá. O presidente tá apertando o reverendo”.

Michele Bolsonaro

Outras mensagens do celular de Dominguetti, desta vez obtidas por Veja nesta segunda-feira (12), indicam a participação da primeira dama, Michele Bolsonaro, na compra das vacinas da AstraZeneca. O PM conversa com o mesmo interlocutor quando cita que “Michele (sic) está no circuito agora. Junto ao reverendo. Misericórdia”.