O presidente Jair Bolsonaro (PL) recebeu cerca de 60 mulheres evangélicas nesta terça-feira, 30, no Palácio da Alvorada. O encontro foi organizado pela primeira-dama Michelle, que atua na campanha à reeleição na tentativa de conquistar o voto feminino para o chefe do Executivo.

Participaram do culto pastoras, esposas de líderes religiosos e cantoras gospel, além da ministra da Mulher, Família e Direitos Humanos, Cristiane Britto. A ex-titular da pasta Damares Alves (Republicanos), candidata ao Senado no Distrito Federal (DF), também esteve no local.

De acordo com uma das participantes, a reunião já estava marcada havia mais de uma semana. No entanto, ocorreu dois dias após o desgaste que Bolsonaro sofreu por ter atacado a jornalista Vera Magalhães e a candidata do MDB ao Palácio do Planalto, Simone Tebet, no primeiro debate da eleição na TV.

“Não estamos aqui por poder e não estamos aqui por status. Estamos aqui para cumprir uma missão proposta por Deus”, afirmou a primeira-dama, em vídeos publicados no Instagram por participantes do encontro. Michelle também aparece falando em “guerra espiritual”, frase que costuma usar para se referir à eleição.

A primeira-dama tem feito campanha para Damares, que será candidata ao Senado em chapa avulsa e enfrentará nas urnas a também ex-ministra Flávia Arruda, do PL de Bolsonaro. Ainda assim, a pastora decidiu apoiar a candidatura à reeleição do governador Ibaneis Rocha (MDB), que formou chapa com Flávia.

A volta de Damares à corrida pelo Senado foi mais um capítulo da cisão do bolsonarismo no DF. Por intervenção direta do presidente da República, a pastora teve de abandonar sua candidatura na aliança de Ibaneis. Acabou resgatado o acordo firmado em 2021 entre o chefe do Executivo local e Flávia Arruda. A costura deixou a ex-ministra da Mulher sem espaço e irritou o Republicanos, que apoia a reeleição de Bolsonaro.

Voto feminino

Aliados do presidente fazem uma ofensiva para melhorar a imagem dele entre as mulheres. Hoje, a campanha levou ao ar na TV uma peça publicitária em que Michelle exalta a transposição do rio São Francisco e se dirige a “mulheres sertanejas”.

No primeiro debate na TV, realizado no último domingo, 28, Bolsonaro se irritou com uma pergunta sobre a pandemia de covid-19 e acabou atacando Vera Magalhães e Tebet. A candidata Soraya Thronicke (União Brasil) chegou a dizer que muitos homens são “tchutchuca” com outros homens e “tigrão” com as mulheres, em referência ao presidente.

A avaliação na campanha é de que Bolsonaro estava indo bem no debate ao usar os escândalos de corrupção nos governos petistas para tentar aumentar a rejeição a Lula. No entanto, a performance do candidato à reeleição “desandou” quando o foco se deslocou para o ataque às mulheres, disseram aliados ao Broadcast Político. “Ele não conseguiu segurar a onda”, afirmou uma fonte.

Para se defender no debate, Bolsonaro citou Michelle e focou nos efeitos do Auxílio Brasil e do microcrédito na vida das mulheres. A estratégia de usar a economia para conquistar o voto feminino deve continuar. “É um tema em que ele fica mais confortável, onde ele consegue ter alguma coisa para mostrar”, afirmou um interlocutor.