O deputado federal Jair Bolsonaro (PSC-DF) é “mais íntegro” do que as lideranças tucanas neste momento, segundo o ex-ministro e ex-governador Ciro Gomes (PDT-CE). Em entrevista ao programa Canal Livre, da TV Bandeirantes, exibida na madrugada desta segunda-feira, 23, o presidenciável fez duras críticas ao senador Aécio Neves (PSDB-MG) e ao prefeito de São Paulo, João Doria (PSDB), a quem chamou de “prefake”, ou “prefeito falso”.

Ciro passou a falar do PSDB quando fazia uma avaliação sobre Bolsonaro, seu provável adversário nas eleições presidenciais de 2018. De acordo com o pedetista, o fato de o deputado fluminense aparecer em segundo lugar nas pesquisas, com até 17% dos votos, é reflexo da “indignação justíssima de uma fração enorme do povo brasileiro com a política tradicional” e da “crença de que uma autoridade forte, um machão, um exagerado” seria necessário para dar rumos ao País.

O pedetista acredita, no entanto, que a declaração de voto em Bolsonaro é uma expressão “catártica” das insatisfações de uma parcela do eleitorado neste momento, e que não necessariamente vai se transformar em voto. “Eu acredito que na hora que o PSDB parar de fazer bobagem no atacado e no varejo, eles (o candidato tucano e Bolsonaro) vão começar a se canibalizar reciprocamente.”

“E o PSDB, com todo defeito… Eu acho que o Bolsonaro, sob o ponto de vista pessoal, é mais íntegro do que qualquer tucano nesse momento. Eu, Ciro Gomes, acho, não concordando com absolutamente nada do que o Bolsonaro fala, diz ou representa, que ele é mais íntegro, ou seja…”, disse o pedetista. Nesse momento, ele foi interrompido e questionado se a comparação valia também para o senador e presidente interino do PSDB, Tasso Jereissati (CE).

“(Vale) inclusive (para) o Tasso, meu velho, estimado e respeitado amigo. Porque não é possível o PSDB, o Tasso, (…) (fazer) encaminhamento pra impunidade do Aécio voltar ao Senado. O Aécio pode ser um representante de Minas Gerais, pode ser um senador da República Brasileira, mas não é digno. Aí faz um discurso no dia seguinte de ser presidente do PSDB. Peraí um pouquinho”, afirmou Ciro.

O pedetista passou então a falar da relação entre o governador de São Paulo, Geraldo Alckmin (PSDB), e Doria. “Todo mundo sabe que se o PSDB quiser ter alguma chance, nas declinantes chances pelo contínuo cometimento de erros, o homem mais viável é o Alckmin, que é governador de São Paulo, que tem experiência, tem vivência. E que inventou este farsante, prefeito de São Paulo. ‘Prefake’ de são Paulo. Prefeito falso. É farsante, pura e simplesmente.”

Apesar de considerar que os tucanos deverão absorver uma parcela dos eleitores que declaram voto em Bolsonaro no momento, Ciro também mostrou disposição para brigar pela preferência dos “bolsominions” – como são chamados os apoiadores do deputado na internet. “O eleitor do Bolsonaro é meu. Ele não percebeu, mas eles estão procurando seriedade, autoridade. Sou que eu sou isso, de verdade.”

O pedetista afirmou ainda que pretende montar uma estrutura profissional de campanha no ano que vem, se sua candidatura for confirmada, pois está “com muita vontade de ganhar eleição, pela primeira vez na vida”.

Sobre a polêmica declaração da semana passada, de que faltaria “testosterona” à ex-senadora Marina Silva (Rede) para comandar o Brasil, Ciro disse que foi vítima de “pura mentira”. Segundo ele, sua declaração teria o sentido contrário do tom machista que transpareceu. “Tenho afeto e respeito pela Marina.”

Ciro também fez críticas ao ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva, pelas alianças que fez para governar, e ao PT, que considera um partido “caudilhesco”, que depende de um único homem. “E se Deus nos tira o Lula? Quem segura o ideário do partido?”