(Reuters) – O presidente Jair Bolsonaro afirmou que “existe a possibilidade” de substituição do atual presidente da Petrobras, Joaquim Silva e Luna, em meio às crescentes críticas do chefe do Executivo contra a estatal devido aos aumentos dos preços dos combustíveis.

“Existe essa possibilidade”, respondeu Bolsonaro ao ser questionado sobre uma possível troca no comando da Petrobras em entrevista à TV Ponta Negra, do Rio Grande do Norte, exibida nesta quarta-feira.

“Todo mundo no governo –ministros, secretários, diretores de empresas, presidentes de estatais– pode ser substituído se não estiver fazendo o trabalho a contento. Então não quer dizer que vai ser trocado ou que não vai ser trocado. Eu só não posso trocar o vice-presidente da República, o resto todos podem ser trocados, obviamente por motivo de produtividade, motivo de falha ou omissão no respectivo serviço”, acrescentou.

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As ações preferenciais da Petrobras, que operavam perto de uma estabilidade, aprofundaram queda após a declaração do presidente. Por volta das 16h05 (horário de Brasília), operavam em baixa de 1,41%, a 30,66 reais, perto da mínima da sessão de 30,37 reais.

Os preços dos combustíveis da Petrobras são, de forma recorrente, alvo de críticas de Bolsonaro, uma vez que as altas geram inflação e insatisfação na população e em importante eleitorado do presidente, os caminhoneiros.

De outro lado, a gestão de Luna entregou um lucro recorde da Petrobras de 106,7 bilhões de reais em 2021, principalmente devido ao avanço de 77% do preço do barril do petróleo no período e valores mais altos dos combustíveis.

Bolsonaro chegou a dizer anteriormente que a Petrobras poderia ter um lucro menor, se não seguisse sua política de paridade de preços em relação às cotações internacionais.

O lucro de 2021 permitiu, contudo, que a companhia anunciasse pagamento de dividendos também recordes de 101,4 bilhões de reais referentes ao exercício de 2021, o que acaba engordando o caixa da União, a principal acionista da empresa.

Apesar da declaração de Bolsonaro sobre uma possível troca do presidente da Petrobras, Luna ainda tem mandato até 2023. Mas o governo tem maioria no conselho de administração se Bolsonaro decidir sobre o assunto.

Procurada pela Reuters, a Petrobras não retornou de imediato a pedido de comentário sobre a declaração do presidente.

PRIVATIZAÇÃO

Bolsonaro voltou a criticar a Petrobras pelo aumento dos combustíveis anunciado na semana passada, quando a estatal reajustou o diesel em 24,9% e a gasolina, em 18,8%.

Em trecho da mesma entrevista exibido na terça-feira, o presidente disse que “a gente está esperando, inclusive, ter um retorno da Petrobras para rever esses preços que foram absurdamente majorados na semana passada”.

Na íntegra da entrevista, exibida nesta quarta, o presidente voltou a falar da privatização da estatal.

“Não tenho poderes sobre a Petrobras, para mim é uma empresa que poderia ser privatizada hoje, ficaria livre desse problema”, disse Bolsonaro.

“A Petrobras se transformou na Petrobras Futebol Clube, onde o clubinho lá dentro só pensa nele, jamais pensam no Brasil”, acrescentou.

Não é a primeira vez que o presidente fala sobre a privatização da petrolífera. Ele já chegou até a dizer que a empresa fosse fatiada para então ser vendida.

 

(Reportagem de Alexandre Caverni, em São Paulo)

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