No dia que o Brasil ultrapassou a marca de 300 mil mortes, o ex-ministro da saúde, Luiz Henrique Mandetta, falou que o governo federal nada está fazendo para diminuir a contaminação, as mortes e o sofrimento da população.

Em entrevista à Globonews, na noite desta quarta-feira (24), Mandetta chamou o também ex-ministro Eduardo Pazzuelo de “Primeiro não-ministro da saúde”, afirmando que ele não estava preparado para assumir o cargo e que entrou para cumprir uma missão. “Saiu com 285 mil mortes na sua gestão sem ir uma vez à público consolar as vítimas, falar de distanciamento ou abrir um canal de comunicação”.

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Sobre Bolsonaro, o ex-ministro criticou o pronunciamento feito na noite de terça-feira, dizendo que o presidente não é verdadeiro ao falar que sempre foi à favor da vacina, e relembrou episódios em que o chefe do executivo promoveu aglomerações, criticou o isolamento e as medidas de proteção como a máscara.

Relembrou que durante a sua gestão no ministério, Jair Bolsonaro nem sequer ouvia o que ele queria dizer. Precisou chamar o ministro da Casa Civil, marcar uma reunião fora da agenda para colocar seus pontos sobre a pandemia. “Quando me ouviu não mudou a postura. Continuou com sua lógica política perversa. Se amparava em assessores que viam a reação da internet, nos casos da cloroquina, das máscaras”, disse Mandetta.

Sobre o novo ministro da Saúde, Marcelo Queiroga, Mandetta afirmou não conhecer seu currículo e nem saber como é em gestão, e ressaltou que não tem como o Queiroga estar há 10 dias com a equipe do ministério e falar que não sabia da mudança que o ministério quis implantar no registro dos óbitos.

“Na primeira onda a sociedade respeitou distanciamento, havia canal de comunicação, foram comprados 15 mil leitos de CTI, foram calculados oxigênios, foram calculados remédios e o pessoal que chegou achou que isso caiu de graça. Começou a jogar essa condução na brincadeira, chegou ao ponto de não comprar vacina no momento certo e estão prometendo pro tempo futuro e o momento é hoje, o sofrimento é já”, afirmou.

Sobre a imagem do Brasil no exterior, o médico afirmou que “até agora o Brasil não merece respeito”, e concluiu “eu não ousaria dizer se a imagem do Brasil é pior na saúde, nas relações exteriores ou no meio ambiente”.