Em publicação nas redes sociais nesta segunda-feira, 4, o presidente da República, Jair Bolsonaro, atribuiu a agressão sofrida por profissionais do jornal O Estado de S. Paulo a “possíveis infiltrados” em ato realizado contra o Congresso e Supremo Tribunal Federal (STF) no domingo, 3, em Brasília. Bolsonaro esteve presente na manifestação, mas disse que não viu a violência ao fotógrafo Dida Sampaio e outros membros da equipe de reportagem.

Na mesma publicação, o presidente criticou o destaque dado pela emissora Rede Globo ao ocorrido.

“A TV Globo no Fantástico de ontem se dedicou a ataques ao Presidente Jair Bolsonaro, pelo fato de um fotógrafo do Jornal O Estado de SP ter sido agredido por alguns possíveis infiltrados na pacífica manifestação”, disse o mandatário no post.

O mesmo texto foi disparado nas primeiras horas da manhã por Bolsonaro para alguns de seus contatos pessoais. O presidente disse condenar a violência e alegou que não viu a agressão pois estava na área cercada do Palácio do Planalto.

“Também condenamos a violência. Contudo, não vi tal ato, pois estava nos limites do Palácio do Planalto e apenas assisti a alegria de um povo que, espontaneamente, defendia um governo eleito, a democracia e a liberdade”, declarou o presidente da República.

Bolsonaro comparou a agressão aos profissionais de imprensa com a situação de pessoas que estão sendo abordadas por forças policiais por descumprirem o distanciamento social. “Até agora não vi, em dias anteriores a TV Globo sair em defesa de uma senhora e filha que foram colocadas à força dentro de um camburão por estarem nadando em Copacabana, outra ser algemada por estar numa praça em Araraquara/SP ou um trabalhador também ser algemado e conduzido brutalmente para uma DP no Piauí”, afirmou .

Segundo o chefe do Executivo, “a maior violência que o povo sofre no Brasil é aquela contra seus direitos fundamentais, com o apoio ou omissão da Rede Globo”.

Participação em manifestação antidemocrática

O presidente da República participou da manifestação antidemocrática na Esplanada dos Ministérios no domingo e fez transmissão ao vivo em suas redes sociais.

No ato, manifestantes também gritaram palavras de ordem contra o ex-ministro Sergio Moro e o presidente da Câmara, Rodrigo Maia (DEM-RJ). E foi neste ato que apoiadores de Bolsonaro agrediram fisicamente profissionais do jornal O Estado de S. Paulo.

O presidente disse que não irá mais admitir o que chamou de interferência em seu governo e afirmou que as Forças Armadas estão ao lado do povo.

Ao fim da transmissão, ele disse pedir a “Deus” para que não tenha problemas nessa semana, porque, segundo ele, se chegou ao “limite”.

Ministros do Supremo, partidos políticos, o presidente da Câmara, Rodrigo Maia, e entidades como a Associação Nacional de Jornais (ANJ) e a Associação Brasileira de Jornalismo Investigativo (Abraji) rechaçaram no domingo os ataques.

Em nota, a direção do jornal O Estado de S. Paulo disse que “trata-se de uma agressão covarde contra o jornal, a imprensa e a democracia”.

A postagem de Bolsonaro nas redes sociais somente nesta segunda-feira foi a primeira manifestação oficial de alguém do governo sobre o episódio.