Por Lisandra Paraguassu

BRASÍLIA (Reuters) – O presidente Jair Bolsonaro atacou nesta quinta-feira os passaportes sanitários exigidos em algumas cidades e voltou a levantar dúvidas sobre as vacinas contra a Covid-19, apesar da comprovada eficácia dos imunizantes para enfrentar o novo coronavírus.

“Cada vez mais queremos o livre mercado, cada vez mais lutamos por meritocracia, cada vez mais nos vemos obrigamos, como demonstramos no 7 de Setembro, a lutar para que cada um dos incisos do artigo 5º da Constituição seja cumprido: respeitar o direito de ir e vir, o direito ao trabalho, à liberdade de culto, não aceitar o passaporte da Covid”, disse.

Bolsonaro disse ainda que não é aceitável que mais de 200 municípios exigem a comprovação da vacina, inclusive para matricular jovens nas escolas.

Na verdade, a apresentação da carteira de vacinação das crianças na hora da matrícula –não para Covid-19, mas para outros imunizantes previstos no calendário nacional de vacinação– já é uma exigência há vários anos na maior parte dos Estados.

“Nós conseguimos a vacina para todos os brasileiros que assim acharem que devem se vacinar, que se vacinem. Nós respeitamos o direito daqueles que porventura não querem se vacinar”, disse. “As vacinas em sua grande maioria ainda são emergenciais.”

Ao contrário do que disse Bolsonaro, hoje, das vacinas mais aplicadas no Brasil, apenas a CoronaVac ainda não concluiu o processo de registro definitivo na Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa). As vacinas da AstraZeneca e da Pfizer já tem o registro definitivo.

“Nós não somos negacionistas, nós somos democratas. Nós respeitamos a liberdade de cada um de vocês”, afirmou, ao defender o direito de quem não quer se vacinar.

Ao contrário da imensa maioria da população –quase 70% dos brasileiros tomaram ao menos a primeira dose da vacina–, Bolsonaro até hoje ainda não se vacinou. Com o avanço da vacinação, o Brasil viu a média diária de mortes por Covid cair de mais de 3.000 para cerca de 500.

PROTESTO

Normalmente com plateias altamente selecionada entre apoiadores fiéis ao presidente, o evento em Belo Horizonte falhou e permitiu a entrada de uma oposicionista. Em meio a seu discurso, uma mulher gritou para Bolsonaro, chamando-o, entre outras coisas, de “genocida”.

Bolsonaro parou de falar por um tempo, enquanto a mulher era vaiada pelos apoiadores do presidente e retirada do local.

“Não vim aqui falar de política, mas se por ventura eu vier a ser candidato o ano que vem, terei o maior prazer de debater com o candidato dessa senhora. Vamos comparar 14 anos do PT com quatro do meu governo”, disse.

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