O presidente Jair Bolsonaro anunciou nesta terça-feira (7) que deu positivo seu teste de coronavírus, mas garantiu que está “perfeitamente bem”, com sintomas leves, e manteve sua postura desafiante diante da pandemia.

O presidente, de 65 anos, fez o anúncio de sua residência oficial em Brasília.

“Começou domingo, com uma certa indisposição, se agravou na segunda-feira, com cansaço, indisposição e febre de 38 graus”, descreveu, informando que “a equipe médica decidiu dar hidroxicloroquina e azitromicina”.

Desde o início da pandemia, o presidente minimizou a doença e participou de vários eventos públicos sem máscara. Também criticou as medidas de isolamento social implementadas em vários estados, devido ao seu impacto econômico.

“Estou bem”, disse ele, dando vários passos para trás e removendo a máscara para mostrar o rosto para as câmeras.

“Estou bem, estou normal. Em comparação a ontem [segunda], estou muito bem. Estou até com vontade de fazer uma caminhada, mas não vou fazer por recomendação médica, mas eu estou muito bem”, afirmou.

Desde o início da pandemia, Bolsonaro minimiza a doença e participa de vários eventos públicos sem usar máscara, além de criticar as medidas de isolamento social aplicadas por vários estados por causa do impacto econômico.

“Eu sou o presidente da República (…) Eu gosto de estar no meio do povo. Então tendo em vista esse meu contato com povo, bastante intenso nos últimos meses, eu achava até que já tivesse contraído sem ter percebido”, afirmou Bolsonaro, ao comentar que o resultado não lhe surpreendeu.

Nos últimos dias, Bolsonaro vetou vários artigos da lei sobre o uso de máscaras faciais em locais públicos para enfrentar a pandemia no Brasil, o segundo país em número de mortes e casos confirmados, depois dos Estados Unidos.

“A vida continua, o Brasil tem que produzir”, disse o presidente, reiterando que “os efeitos colarerais” do combate ao vírus não podem ser “piores” que a própria doença.

Na tarde do último sábado, ele publicou fotos nas redes sociais nas quais está com o rosto sem máscara junto a vários ministros e ao embaixador de Washington em Brasília, durante um almoço de comemoração ao Dia da Independência dos Estados Unidos.

– Fortalecimento de medidas –

A Organização Pan-Americana da Saúde (Opas) pediu nesta terça-feira ao Brasil, o segundo país do mundo mais afetado pela pandemia de COVID-19, que fortaleça as medidas para conter o vírus, depois de desejar uma “rápida recuperação” ao presidente, Jair Bolsonaro, que está infectado.

“A Opas gostaria de desejar ao presidente uma rápida recuperação”, disse Marcos Espinal, diretor de doenças transmissíveis da OPAS, escritório regional da Organização Mundial da Saúde (OMS), em entrevista coletiva.

Espinal destacou que o fato de Bolsonaro ter dado positivo no teste de diagnóstico mostra que o vírus “não respeita raças ou pessoas poderosas”, e lembrou os contágios do primeiro-ministro do Reino Unido, Boris Johnson, e do presidente de Honduras, Juan Orlando Hernández, ambos já recuperados.

“Portanto, é importante que, independentemente de o presidente ser afetado, o país continue a fortalecer medidas. Aqui está um exemplo de que ainda não estamos controlando completamente esse vírus”, acrescentou em relação ao Brasil.

De acordo com o último balanço oficial, 1,6 milhão de pessoas foram contaminadas, e 65.487 morreram de COVID-19 no Brasil, ainda que especialistas estimem que o número real de casos possa ser até dez vezes maior, e as mortes pela doença possam ser o dobro das dvulgadas, por causa da quantidade de testes insuficientes para todos.

Bolsonaro já havia feito três testes para detectar o coronavírus.

Em maio, foi forçado pelo Supremo Tribunal a entregar o resultado, que deu negativo.