O presidente Jair Bolsonaro disse em transmissão ao vivo no Facebook nesta quinta-feira, 28, que há dois meses tem conversado com líderes e parlamentares de partidos do Centrão para garantir a governabilidade. Bolsonaro ressaltou que não houve tratativas sobre entrega de ministérios, bancos públicos ou empresas estatais, mas que cargos de segundo e terceiro escalão têm sido negociados para garantir o apoio destes políticos ao governo.

“A imprensa sempre reclamou de mim que eu não tinha diálogo, que não conseguia atingir a governabilidade. De dois meses pra cá eu decidi que tinha que ter uma agenda positiva para o Brasil, e eu comecei a conversar com os partidos de centro também. Em nenhum momento nós oferecemos ou eles pediram ministérios, estatais ou bancos oficiais”, disse o presidente.

Como exemplo das negociações, citou o Ministério do Desenvolvimento Regional, que tem uma “estrutura gigantesca”, com cargos que “estavam nas mãos de pessoas de governos anteriores ao Michel Temer”.

Bolsonaro disse que as negociações com os partidos do Centrão incluem também seu apoio político a candidaturas de parlamentares que buscarão a reeleição em 2022, com foco naqueles cujas bases eleitorais estão no Nordeste, “onde o PT é forte”.

“Conversamos sobre as eleições de 2022. Se eu estiver bem, há interesse de alguns candidatos desses Estados terem meu apoio, Estados que nós sabemos que não vou ter poder para eleger uma pessoa indicada por nós. Eles também não ganham sozinhos, precisam de apoio de terceiros.” Segundo o presidente, é necessário “somar todas as forças” para derrotar o PT. “Eu prefiro deputados desses outros partidos do que do PT. É uma questão que interessa pra mim e o apoio tem vindo. Eles têm ajudado e se sentem prestigiados”, explicou.

Para alguns dos deputados, diz Bolsonaro, muitas vezes basta dizer “que o parlamentar é o dono da obra”, sem a necessidade de negociar cargos. Ainda assim, argumentou, “são mais de 30 mil cargos, eu não tenho como ter acesso a tudo isso. Então a gente conversa e troca essas pessoas sem problema nenhum”. O presidente garantiu que essas indicações passam “por um sistema de informações” e pesquisas sobre “a vida pregressa” dos apadrinhados.