Depois de celebrar a vitória do democrata Joe Biden nas eleições presidenciais americanas, a exaltação percorria as bolsas mundiais com o anúncio de uma vacina eficaz contra a covid-19.

Após o anúncio otimista, Wall Street abriu em recorde hoje: Dow Jones com alta de 5,63%, Nasdaq 1,25%.

Ibovespa intensifica alta em meio a otimismo com vacina

Dólar cai com rali por vitória de Biden e mercado fica atento ao BC

As ações da farmacêutica Pfizer dispararam 11,51% nesta segunda-feira na abertura de Wall Street após subir até 17% nas operações eletrônicas anteriores, depois do anúncio de que a vacina que desenvolve junto com BioNTech é “90% eficaz” contra a covid-19.

Até 08h20 de Brasília, Paris registrava uma alta de mais de 7%, Frankfurt de mais de 6%, Londres e Milão superavam 5%.

Da mesma forma, os mercados europeus registraram seus melhores resultados em uma sessão dos últimos seis meses.

Os preços do petróleo também aceleravam: até 09h10 (Brasília), o barril de Brent do Mar do Norte para entrega em janeiro subia 7,58% em relação ao fechamento de sexta-feira, a 42,44 dólares. Já em Nova York, o barril de WTI com entrega em dezembro crescia 8,78%, a 40,40 dólares.

“Essa notícia é enorme, esperávamos por ela há muito tempo”, disse Daniel Larrouturou, que administra ações no Dôm Finance, ao ser questionado pela AFP em Paris pouco depois do anúncio.

“É a notícia do ano, talvez inclusive da década. Foi encontrada a vacina contra o coronavírus”, declarou em Frankfurt Jochen Stanzl, analista no CMC Markets. “Quase nada poderia ser mais bonito do que esta informação após quatro anos de divisões transatlânticas sob o governo de Trump”, acrescentou.

Antes do anúncio que propagou o entusiasmo na Europa, os mercados asiáticos e europeus saborearam a vitória do democrata Joe Biden nas presidenciais dos Estados Unidos. Na Ásia, o índice estrela Nikkei da bolsa de Tóquio, que já subiu cerca de 6% em toda a semana passada, fechou com alta de 2,12%.

No mercado da dívida, o apetite pelo risco esmagava os índices soberanos dos países considerados de maior risco, como Grécia e Itália, cujos índices há dez anos alcançaram novos mínimos históricos, respectivamente 0,728% e 0,617%.

– Alegria de uns… –

O anúncio beneficiou todos os setores mais afetados pelas medidas de restrições à atividade, como o de viagens, de aeronáutica e bancos.

A notícia dos laboratórios provocou altas supersônicas na Airbus (+20%), IAG (+30%), Lufthansa (+30%), Rolls Royce (+29%) e Easyjet (+25%).

Por outro lado, as empresas que se beneficiaram com as medidas do confinamento registraram fortes quedas: em Frankfurt, o Delivery Hero (entrega de comida à domicílio) era o único valor em vermelho (-4,45%), no MDax (índice de valores médios alemães) o Hello Fresh (entrega de cesta de comida para cozinhar em casa) perdeu 18,2%. Em Londres, Ocado caiu 8,26% e Just Eat Takeaway 7,14%

Este anúncio ocorre em um momento em que Estados Unidos, como a Europa, enfrenta recordes de novos casos nos últimos dias e que o acúmulo de novas restrições para conter a segunda onda poderia prejudicar seriamente a reativação econômica.

Sendo assim, a perspectiva de uma melhora na saúde cresceu com a vitória de Joe Biden, o que faz “as bolsas esperarem maior previsibilidade e menos volatilidade”, aponta Stanzl.

Os investidores não têm dúvidas de que Joe Biden assumirá a posse como presidente dos EUA em janeiro, mesmo se Donald Trump ainda não quiser reconhecer sua derrota.

“Os investidores estimam que seus recursos legais representam apenas uma tentativa de salvar a imagem” do presidente derrotado, diz Joshua Mahony, analista no IG.

No início, os investidores temiam uma vitória democrata, sinônimo de aumento nos impostos para empresas e impostos sobre as renda capital, mas agora apostam por medidas políticas moderadas.

“Parece provável que os republicanos conservarão o controle do Senado e, se for assim, será mais difícil para o governo Biden introduzir um regulamento reforçado para os setores tecnológicos e farmacêuticos, assim como aumentar os impostos”, observa David Madden, analista para CMC Markets.

Nas moedas, o dólar caiu 0,07% em relação ao euro, a 1,1882 dólares por um euro, e o iene caiu 1,00% em relação ao dólar (104,41 ienes) e 1,10% contra o euro (124,08 ienes).

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