Os mercados acionários americanos chegaram ao fim do pregão desta sexta-feira, 8, sem direção única. No radar dos agentes, ficaram, novamente, temores de uma forte desaceleração na economia global, com especial ênfase para a Europa, onde indicadores têm desapontado os investidores. As bolsas, contudo, apresentaram reação no fim do pregão, em um movimento de recuperação encabeçado, novamente, por papéis de empresas de tecnologia. A exceção ficou com a Amazon, cujos papéis caíram em torno de 2%, onde um novo caso explorando a vida privada de Jeff Bezos esteve no centro das atenções.

O índice Dow Jones encerrou a semana com alta de 0,42%, embora tivesse caído 0,25% nesta sexta, para 25.106,33 pontos; enquanto o S&P 500 subiu 0,07% nesta sexta-feira e fechou a semana com baixa de apenas 0,02%, aos 2.707,88 pontos. Foi a pior semana do indicador desde dezembro. O índice Nasdaq, por sua vez, se valeu do bom humor com as techs para subir 0,14% nesta sexta e 0,34% na semana, ao terminar o dia com 7.298,20 pontos.

O desconforto dos investidores aumentou nas últimas três sessões, que marcaram o fim da temporada de balanços referentes ao quarto trimestre de 2018. Na quarta-feira, os mercados foram abalados com a redução das projeções de crescimento na zona do euro e em países como Alemanha e Itália pela Comissão Europeia, enquanto o Banco da Inglaterra (BoE, na sigla em inglês) emitiu um alerta sobre a desaceleração da economia mundial. Nesta sexta, a produção industrial italiana voltou a emitir preocupações ao inesperadamente cair 0,8% na passagem de novembro para dezembro, o que, para economistas do Intesa Sanpaolo, implica uma nova contração na economia italiana no primeiro trimestre de 2019.

“Estou preocupado”, afirmou o gerente sênior de carteira do Morgan Stanley Investment Management, Andrew Slimmon. Embora o crescimento global seja uma preocupação sempre presente, ele disse estar concentrado nos recentes sinais de desaquecimento nos lucros das empresas. Espera-se que as empresas que compõem o S&P 500 registrem o primeiro declínio nos lucros em relação ao ano anterior em três anos no primeiro trimestre deste ano. “Por mais que as companhias pareçam ter feito números bons no quarto trimestre, as estimativas para 2019 estão caindo e isso fortalece minha preocupação”, disse Slimmon.

Entre as companhias cujos resultados desapontaram os agentes, esteve a Amazon. A empresa, aliás, viu suas ações caírem 1,62% depois que Jeff Bezos, seu presidente-executivo e fundador, disse ser alvo do tabloide National Enquirer, que, de acordo com ele, ameaçou publicar fotos íntimas. Bezos é dono do jornal Washington Post, que tem revelado notícias relacionadas a um suposto conluio entre a Rússia e a campanha do presidente dos EUA, Donald Trump, enquanto o Enquirer tem sido um forte apoiador do presidente americano.

A reação final das bolsas em Nova York se deu, em parte, por causa da baixa exposição da economia americana a outros mercados em franca desaceleração, na avaliação da Oppenheimer Asset Management. “Qualquer perda de força no crescimento econômico mundial deve ter um impacto muito menor nos EUA do que em outras nações estrangeiras”. Em uma lista de 24 países, a gestora aponta que a economia americana é a menos sensível à economia mundial, tendo em vista que as exportações de bens e serviços representam somente 11,9% do Produto Interno Bruto (PIB). Para a China, por exemplo, as exportações representam 19,8% do PIB. Entre as economias mais afetadas, estão Hong Kong, Irlanda, Holanda, Suíça, Dinamarca, Áustria e Alemanha.

A semana que vem promete ser cheia para os mercados em Nova York. O presidente do Federal Reserve (Fed, o banco central americano), Jerome Powell, discursa na terça-feira, e, no dia anterior, será a vez da diretora Michelle Bowman fazer seu primeiro discurso público. Além deles, haverá negociações comerciais entre autoridades americanas e chinesas em Pequim, enquanto Trump dá início à sua campanha pela reeleição em um comício no Texas. Ainda no campo político, republicanos e democratas tentam destravar as discussões orçamentárias para a aprovação de um pacote que financie o governo até setembro, quando o atual ano fiscal chega ao fim.