As bolsas de Nova York fecharam o pregão desta terça-feira, 24, em forte alta, recuperando as perdas que as colocaram nos níveis mais baixos desde 2016. O gatilho da confiança foi a notícia de que o Congresso americano está perto de fechar um acordo para aprovar o pacote de estímulo fiscal destinado a combater o impacto econômico da epidemia de Covid-19. O presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, também ajudou a fortalecer o bom humor ao dizer, perto do horário de fechamento do mercado, que “é preciso salvar empresas para evitar o desemprego” e que gostaria de reabrir a economia do país na Páscoa.

O índice Dow Jones fechou em alta de 11,37%, aos 20.704,91 pontos, no maior ganho porcentual diário desde 1933. O S&P 500 subiu 9,38%, a 2.447,33 pontos, no maior ganho diário desde outubro de 2008, e o Nasdaq teve seu melhor dia desde 2013, fechando com alta 8,12%, a 7.417,86 pontos.

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Entre alguns papéis importantes, as ações da Chevron fecharam com valorização de 22,74%, enquanto a Conocophillips disparou 25,21%, no setor de energia. A gigante da tecnologia Apple, por sua vez, subiu 10,03%.

Destaque também para as ações da Boeing, que tiveram valorização de 20,89%. A empresa de maior peso no índice acionário nova-iorquino Dow Jones viu seus papéis dispararem após o diretor financeiro (CFO) da companhia garantir que o negócio com a Embraer continua estrategicamente importante. Uma queda nas ações da Embraer e dúvidas sobre liquidez na Boeing, na esteira do impacto do coronavírus no setor, colocaram em dúvida os termos do acordo. Pouco mais tarde, Trump disse em entrevista a Fox News que salvar as empresas vai evitar demissões e também reiterou que o governo não deixará a Boeing “sair do mercado”. O executivo-chefe da companhia, Dave Calhoun, porém, disse hoje que descarta dar ao governo participação acionária em troca de ajuda e que, caso esse apoio não saísse, há outras alternativas vista.

A delta Air Lines também viu seus papéis atingirem 21,02% de alta hoje, seguindo movimento de alta nas ações de companhias aéreas, em meio à especulação de que o setor poderá ser resgatado financeiramente. Mais cedo, o diretor-geral da Associação Internacional de Transporte Aéreo (Iata, pela sigla em inglês), Alexandre de Juniac, previu que mais da metade das empresas do setor irão falir se não receberem auxílio nas próximas semanas. A S&P Global Ratings rebaixou a Delta de “BBB-” para “BB”, perdendo o grau de investimento portanto, na expectativa de que as métricas de crédito da companhia aérea em 2020 sejam “muito mais fracas” do que 2019.

As bolsas de Nova York, que já mostravam força desde cedo, em dia de recuperação após quedas recentes, começaram a acelerar ganhos com várias declarações sobre a votação do pacote trilionário de estímulos para a economia dos EUA. Primeiro, Trump exortou o Congresso americano a aprovar o pacote ainda nesta terça-feira. Depois, o diretor do Conselho Econômico Nacional dos Estados Unidos, Larry Kudlow falou sobre “o maior pacote de estímulo da história”, e o vice-presidente Mike Pence também adiantou que a administração Trump estava avaliando como reabrir a economia em algumas semanas.

Para a UBS, os programas de emergência anunciados pelos bancos centrais na Europa e nos EUA, somados “à vontade dos formuladores de políticas para fazer ainda mais, ajudarão a evitar uma crise financeira global ao estilo de crise de crédito”. “Em nosso cenário base, novos casos do vírus atingem o pico em meados de abril, permitindo que as restrições mais severas sejam freadas a partir de meados de maio”, avalia a instituição, ponderando, no entanto, que será difícil erradicar o vírus, o que significa que “as restrições precisarão ser reimpostas intermitentemente em alguns países pelo restante do ano”.