As bolsas de Nova York fecharam em alta nesta quarta-feira, 29, repercutindo avanços nas pesquisas clínicas sobre o uso do antiviral remdesivir, da Gilead Sciences, no tratamento do coronavírus. Investidores reagiram também à decisão do Federal Reserve (Fed, o banco central americano) de manter a taxa básica de juros dos Estados Unidos na faixa entre 0% e 0,25% e a declarações do presidente da autoridade monetária, Jerome Powell.

Dólar cai ante rivais, com Fed disposto a agir e otimismo com remédio

Juros longos voltam a ter queda firme com alívio político e melhora externa

Bolsa fecha em alta de 2,29%, aos 83.170,80 pontos, maior nível desde 11 de março

O índice Dow Jones encerrou com avanço de 2,21%, a 24.633,86 pontos, o S&P 500 subiu 2,66%, a 2.939,51 pontos e o Nasdaq teve alta de 3,57%, a 8.914,71 pontos. Entre os destaques, a ação da Boeing ganhou 5,86%, após a gigante da aviação divulgar balanço corporativo referente ao primeiro trimestre bem recebido entre investidores.

O bom humor predominou durante todo o pregão, após a Gilead Sciences informar que o remdesivir mostrou efeito positivo na terceira fase dos testes clínicos para comprovar se o medicamento é eficaz contra a covid-19. O diretor do Instituto de Alergia e Doenças Infecciosas, Anthony Fauci, reconheceu, em entrevista na Casa Branca, que o remédio teve “claro efeito” na redução do tempo em que os pacientes ficaram doentes.

O jornal The New York Times noticiou que, segundo uma fonte do alto escalão da Casa Branca, o governo deve anunciar ainda hoje autorização para o uso emergencial do antiviral. Com o noticiário, o papel da Gilead Sciences terminou em alta de 5,68%.

O otimismo com as perspectivas para o combate ao vírus impulsionou as ações, em um movimento que se estendeu após a decisão do Fed. Em comunicado, a instituição monetária sinalizou que pretende manter os juros no patamar atual enquanto houver sinais de que a pandemia afeta negativamente a economia americana.

Além disso, Powell afirmou, durante entrevista coletiva, que o Fed dispõe dos instrumentos necessários para continuar apoiando aos mercados. Na avaliação do analista Chris Rupkey, do MUFG Union Bank, as ações estão subindo por causa dos movimentos decisivos anteriores do Fed. “O mercado de ações acha que o Fed já fez o suficiente por enquanto e está apostando no longo prazo”, destaca, em relatório.

O economista Bernd Weidensteiner, do Commerzbank, concorda que a autoridade máxima da política monetária americana teve sucesso em estabilizar o mercado. “O Fed ainda está em processo de implementação e ampliação de muitos programas. Isso e o fato de que os mercados financeiros – com a ajuda ativa do Fed – se acalmaram nas últimas semanas impediram, desde o início, medidas ainda mais abrangentes”, analisa.