Enquanto notícias promissoras da Ásia dão suporte às Bolsas europeias, uma mega-aquisição agitava o setor bancário, que subia 2,70% por volta das 6h30 e ajudava a deixar o índice intercontinental Stoxx-600 no terreno positivo (0,73%). O pano de fundo para os negócios, no entanto, segue tenso. Os dados sobre a pandemia de coronavírus continuam a preocupar e, nos Estados Unidos, a postura do presidente Donald Trump em relação ao resultado da eleição americana também se mantém como um fator de incerteza para os investidores.

Localmente, as negociações em torno do Brexit, como é chamada a saída do Reino Unido da União Europeia, foram retomadas nesta segunda-feira, 16, mas o governo britânico diz que não mudará de posição.

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Agora cedo, os operadores trabalham com cenários diferentes para as economias da Ásia e da Europa. No final da noite de domingo, indicadores macroeconômicos revelaram dados robustos de aceleração da atividade na China, como o da produção industrial e vendas no varejo, por exemplo. No Japão, o salto de 5% do Produto Interno Bruto (PIB) também surpreendeu os mercados financeiros. Além disso, os dois países estavam entre os signatários da Parceria Econômica Abrangente Regional, um pacto de livre comércio que visa à redução gradual de tarifas de produtos de 15 importantes países da Ásia e do Pacífico, incluindo a Índia, que se transforma na maior aliança comercial do mundo. Esta é a primeira vez que as potências do Leste Asiático, China, Japão e Coreia do Sul estão em um único acordo comercial – o bloco exclui os EUA.

Nos negócios, o grupo financeiro espanhol BBVA concordou em vender suas atividades americanas, o BBVA USA Bancshares, para o PNC Financial Services Group por US$ 11,6 bilhões. As ações do BBVA disparavam 15,82% Pot volta das 6h30, levando consigo papéis de outros bancos do continente, principalmente na Espanha.

Já a pandemia continua preocupando os mercados, com o número de hospitalizações batendo recorde nos EUA ontem. Lá, mais de 11 milhões de pessoas foram infectadas pela covid-19, de acordo com dados da Universidade Johns Hopkins. No Reino Unido, o primeiro-ministro Boris Johnson, o primeiro líder a declarar que tinha se contaminado, avisou ontem que voltou a se isolar depois de se encontrar com um membro do Parlamento que contraiu o vírus. Ele disse que não sente qualquer sintoma da doença e que continuará a governar por meio de videoconferências. Os casos continuam a aumentar na Itália e, na Alemanha, o governo considera medidas mais duras para combater o surto.

Outro tema que segue no radar dos investidores negativamente é o desfecho das eleições americanas. Ontem, Trump reconheceu publicamente pela primeira vez em sua conta no Twitter que Joe Biden venceu a eleição, trazendo algum alívio aos agentes que leram a notícia. Na sequência, porém, ele disse que não desistiria de lutar por um resultado que mostre que é ele que continuará na Casa Branca.

Já as incertezas políticas na Europa têm relação com o Brexit, que volta a ser discutido hoje entre as partes. Apesar de dizer que não mudará seus pontos principais de negociação, várias autoridades do Reino Unido se disseram otimistas em relação a um pacto. O negociador britânico, David Frost, destacou que as tratativas irão adiante, mas que o país quer manter o controle sobre suas leis, seu comércio e suas águas – a pesca é um dos principais entraves para um pacto. Já o ministro de Relações Exteriores irlandês, Simon Coveney, avaliou hoje que os dois lados estarão com “sérios problemas” se não chegarem a um acordo em 10 dias. O Brexit entra em vigor na prática, no primeiro dia de 2021.

Às 6h43 de Brasília, a Bolsa de Madri avançava 2,23%, a de Londres subia 0,75% e a de Frankfurt tinha alta de 0,63%. Paris tinha valorização de 1,015%, Milão ganhava 1,18%; e Lisboa tinha elevação de 1,19%. No mercado cambial, o euro era negociado a US$ 1,1846 ante US$ 1,1836 da tarde de sexta-feira (13) e a libra era cotada a US$ 1,3188, de US$ 1,3191 do mesmo período.