Uma onda vendedora provoca forte retração nas bolsas da Europa nesta manhã, na volta do feriado de Páscoa. Com os mercados fechados na região ontem, somente agora os investidores reagem ao aumento das tensões entre EUA e Coreia do Norte. A aversão ao risco foi intensificada há pouco, quando a primeira-ministra do Reino Unido, Theresa May, anunciou planos de convocar eleições gerais antecipadas no país.

Às 8h15 (de Brasília), a Bolsa de Londres recuava 1,60% e a libra subia a US$ 1,2661, para o maior patamar em mais de dois meses. Todas as principais bolsas europeias operavam no vermelho: Paris caía 1,18%, Frankfurt tinha retração de 0,56%, Milão baixava 1,07%, Madri recuava 0,77% e Lisboa cedia 1,04%. O índice pan-europeu Stoxx 600 tinha queda de 0,87%.

Em pronunciamento, Theresa May disse que irá convocar eleições gerais antecipadas para 8 de junho, uma estratégia que poderá lhe garantir maior margem de manobra para as negociações de saída do Reino Unido da União Europeia – o chamado “Brexit”.

May, que assumiu o poder em julho, pouco tempo depois de os britânicos votarem a favor do Brexit, tem uma maioria parlamentar de 17 legisladores. Pesquisas de opinião apontam que ela poderia ampliar essa vantagem no Parlamento significativamente, o que lhe daria mais força nas discussões com a União Europeia sobre o Brexit.

A política já vinha movimentando os mercados europeus. Na reta final da disputa eleitoral na França, as pesquisas de intenção de voto continuam apontando empate técnico de quatro candidatos à Presidência do país – Emmanuel Macron (centro), Marine Le Pen (extrema-direita), Jean-Luc Mélenchon (extrema-esquerda) e François Fillon (centro-direita). A votação em primeiro turno ocorre no próximo domingo, dia 23. O segundo turno está marcado para o dia 7 de maio.

Investidores temem que uma possível vitória de Marine Le Pen resulte em saída da França da União Europeia, assim como ocorreu com o Reino Unido, colocando em risco a existência do bloco e da moeda única – o euro. Como muitos eleitores de Le Pen evitam revelar publicamente o voto, temendo reações adversas, existe a possibilidade de o apoio à candidata ser maior que o captado pelas pesquisas.

Paralelamente, a escala das tensões entre Coreia do Norte e EUA continuam no radar. Ontem, o embaixador norte-coreano na Organização das Nações Unidas (ONU), Kim In Ryong, acusou os EUA de criar “uma situação perigosa em que uma guerra nuclear pode estourar a qualquer momento”. Os comentários sucedem os do vice-presidente dos EUA, Mike Pence, que no fim de semana afirmou que a “era da paciência estratégica” com a Coreia do Norte acabou.

Ainda hoje, os investidores acompanham um discurso do presidente dos EUA, Donald Trump, previsto para as 15 horas.