As bolsas da Europa encerraram o pregão desta sexta-feira, 2, em quedas fortes, pressionadas pela percepção dos investidores de que o aperto monetário dos principais banco centrais, especialmente do Federal Reserve (Fed, o banco central dos EUA). Balanços corporativos piores do que o previsto também alimentaram a onda vendedora. O índice pan-europeu Stoxx 600 terminou em 388,07 pontos, queda diária de 1,38% e semanal de 3,12%.

Ao longo da última semana, a visão dos investidores internacionais em relação às perspectivas sobre a política monetária global foi se modificando. Enquanto no começo de janeiro a percepção de que o ritmo do aperto das condições financeiras poderia ser adiado, dados econômicos e reiterados discursos de autoridades alimentaram as apostas de que a inflação pode chegar aos níveis projetados pelas instituições.

Nesta sexta-feira, a especulação ganhou contornos mais sólidos, com a divulgação do relatório de emprego (payroll) dos Estados Unidos de janeiro. De acordo com o Departamento do Trabalho, a economia americana criou 200 mil vagas no mês passado e o salário médio por hora avançou 0,34%, ambos acima das previsões de analistas ouvidos pela Dow Jones Newswires.

O dado corroborou as apostas de três elevações de juros nos EUA este ano e alimentou até especulações de quatro elevações. Com o aperto monetário dado como certo, os investidores se afastaram de ações nos mercados em todo o planeta.

Na Europa, balanços corporativos ainda prejudicaram os negócios. O Deutsche Bank anunciou prejuízo líquido de 2,18 bilhões de euros no quarto trimestre de 2017, maior que a perda de 1,89 bilhão de euros registrada no mesmo período do ano anterior.

O resultado foi afetado por despesas fiscais relacionadas à reforma tributária dos EUA e também por uma queda na receita. As ações da companhia cederam 6,21% e ajudaram a levar a Bolsa de Frankfurt ao nível de 12.785,16 pontos no encerramento, queda diária de 1,68% e semanal de 4,16%.

Todo o setor bancário europeu foi afetado pelo mau humor com o banco alemão. O italiano Banca Carige caiu 1,16%, o espanhol Santander cedeu 1,46%, o francês Société Générale perdeu 1,54% e o português BCP recuou 1,93%.

A Bolsa de Milão fechou em 23.202,66 pontos, perda diária de 1,44% e semanal de 2,74%. A de Madri recuou para 10.211,20 pontos, recuo na sessão de 1,81% e na semana de 3,63%. A de Paris terminou na mínima aos 5.364,98 pontos, quedas de 1,64% nesta sexta-feira e de 2,97% ante a sexta-feira passada. A de Lisboa foi para 5.516,87 pontos, desvalorização no pregão de 1,61% e na semana de 4,36%.

O setor de energia também foi penalizado na sessão, em dia de perdas acentuadas no petróleo por causa do dólar mais forte e da percepção de que a indústria americana do óleo pode ampliar a produção.

Em Londres, as ações do setor foram destaque de baixa. A BP recuou 2,40% e a Royal Dutch Shell (tipo A) caiu 0,46%. O índice FTSE-100 caiu para 7.443,43 pontos, queda diária de 0,63% e semanal de 2,90%.