Os mercados acionários europeus fecharam em alta nesta quarta-feira, 27, ajudados por papéis de instituições financeiras, que reagiram positivamente ao discurso da presidente do Federal Reserve (Fed, o banco central norte-americano), Janet Yellen. Além disso, os investidores operaram na expectativa com detalhes da proposta de reforma tributária do presidente dos Estados Unidos, Donald Trump.

O índice pan-europeu Stoxx-600 fechou em alta de 0,42% (+1,61 ponto), aos 385,64 pontos.

Os comentários de Yellen sobre a política monetária norte-americana e o nível de inflação nos EUA ocorreram quando as bolsas europeias já estavam fechadas. Na terça-feira, a presidente do Fed defendeu o gradualismo em relação ao aperto monetário que a instituição vem implementando e afirmou que seria “imprudente” deixar a política inalterada enquanto a inflação não chega à meta de 2%. Com isso, a porta continua aberta para uma nova elevação nos juros em 2017.

De acordo com os contratos dos Fed funds, compiladas pelo CME Group, a possibilidade de uma alta em dezembro está acima dos 80%. Juros mais elevados tendem a satisfazer ações de bancos e de seguradoras. Não à toa, o subíndices bancário do Stoxx-600 fechou em alta de 1,98%; já o de seguradoras avançou 1,19%.

Os mercados, no entanto, encontraram em Trump um motivo para apoiarem sua alta. Nesta quarta-feira, novos detalhes sobre a reforma tributária que ele deseja implementar serão revelados às 16 horas (de Brasília).

A equipe econômica do republicano não trabalhou sozinha desta vez. Além do secretário do Tesouro, Steven Mnuchin, e do diretor do Conselho Econômico Nacional, Gary Cohn, fizeram parte da equipe de redação da proposta o presidente da Câmara, Paul Ryan, e o líder republicano no Senado, Mitch McConnell.

No noticiário corporativo, as ações da Alstom dispararam 4,25%, enquanto as da Siemens subiram 1,45%, apoiadas pela notícias de fusão das duas gigantes do setor ferroviário, a fim de criar o que vem sendo chamado de “Airbus dos trens” de alta tecnologia.

A Siemens irá ceder suas atividades à companhia francesa, que, em troca, fará um aumento de capital na empresa alemã de até 50%. Juntas, as empresas movimentam 15 bilhões de euros. Na Finlândia, a empresa de energia Fortum (+0,91%) fará uma oferta pública de 8,05 bilhões de euros para adquirir a Uniper (-0,54%).

No ramo político europeu, o presidente da França, Emmanuel Macron, apresentou seu primeiro orçamento , na tentativa de impulsionar a presença do país na Europa, com uma redução no Estado e uma tentativa de fortalecer o crescimento. O orçamento para 2018 prevê que o déficit seja reduzido com cortes de gastos em áreas como habitação e em empregos patrocinados pelo governo.

A projeção da equipe de Macron é de que o déficit diminua de 2,9% neste ano para 2,6% do Produto Interno Bruto (PIB) em 2018. Em Paris, o índice CAC-40 fechou em alta de 0,25%, aos 5.281,96 pontos. Entre os bancos, o Société Générale subiu 1,55%, o BNP Paribas ganhou 1,97% e o Crédit Agricole teve 2,24% de expansão.

Na Alemanha, chanceler Angela Merkel começa as negociações para a formação de uma coalizão para o novo governo. Reportagens da mídia local apontam que o atual ministro de Finanças, Wolfgang Schäuble, deve se tornar o próximo presidente do Bundestag, o Parlamento alemão.

Com isso, as possibilidades de uma manutenção da Grande Coalizão, entre centro-direita e centro-esquerda permanecem vivas, já que a centro-esquerda havia manifestado interesse no cargo de ministro das Finanças anteriormente. Nesse cenário, o índice DAX, da Bolsa de Frankfurt, fechou com valorização de 0,41%, aos 12.657,41 pontos. Entre os bancos, o Deutsche Bank subiu de 2,12% e o Commerzbank teve um salto de 2,51%.

O índice FTSE-Mib, da Bolsa de Milão, também foi favorecido pela perspectiva de avanço dos projetos fiscais de Trump nos EUA e pela perspectiva de juros maiores, fechando em alta de 0,85%, aos 22.622,19 pontos. O Intesa Sanpaolo avançou 0,54%, o Unicredit teve valorização de 2,74% e o Banco BPM saltou 4,20%.

No Reino Unido, a primeira-ministra Theresa May se disse desapontada com a decisão dos EUA de impor taxas à produção de asas de aeronaves da Bombardier, que são parcialmente fabricadas na Irlanda do Norte, e pediu que o país ajudasse a encontrar uma solução para a disputa entre a Boeing e a empresa de origem canadense. O imposto criado para compensar o que os EUA interpretaram como subsídio foi de 220%.

Na praça londrina, o índice FTSE-100 ganhou 0,38%, aos 7.313,51 pontos. Mineradoras acompanharam os preços dos metais básicos e contribuíram para o avanço: a Rio Tinto subiu 0,22% e a Anglo American teve alta de 1,24%. Além disso, bancos como Lloyds (+3,40%) e Barclays (+1,04) também sustentaram a alta da Bolsa de Londres.

O índice Ibex-35, da Bolsa de Madri, desprezou a cautela dos últimos pregões com o plebiscito do próximo domingo sobre a independência da Catalunha, e fechou em alta de 1,76%, aos 10.368,90 pontos. Já na Bolsa de Lisboa, o índice PSI-20 subiu 0,32%, aos 5.333,61 pontos. (Com informações da Dow Jones Newswires)