O desânimo do investidor com o andamento da reforma da Previdência trouxe fortes perdas à Bovespa nesta quinta-feira, 7. A constatação de que as chances de aprovação da reforma este ano são cada vez menores levou o Índice Bovespa a registrar perda de até 2,61% pela manhã. À tarde, a alta dos preços do petróleo e das bolsas de Nova York ajudou a bolsa a corrigir excessos e o índice terminou o dia em baixa mais moderada, de 1,07%, aos 72.487,45 pontos. Os negócios somaram R$ 9,2 bilhões, dentro da média das últimas semanas.

Não houve um motivo único para o mau humor dos investidores, mas um conjunto de fatores negativos confirmando a dificuldade do governo em reunir votos favoráveis à reforma da Previdência na Câmara este ano. Um dos principais gatilhos que acionaram o pessimismo teria sido a fala de Beto Mansur (PRB-SP), vice-líder do governo na Câmara, de que a reforma poderia “eventualmente” ficar para a última semana do ano legislativo – de 18 a 22 de dezembro.

Os principais porta-vozes do governo pouco se manifestaram ao longo do dia. O presidente da Câmara, Rodrigo Maia (DEM-RJ), disse que estaria disposto a trabalhar nos próximos dez dias no convencimento dos parlamentares para garantir que o governo tenha os 308 votos necessários para aprovação da reforma. “Por mais difícil que ainda seja, nosso papel é tentar até o último dia”, afirmou. Já o ministro das Comunicações, Gilberto Kassab, disse que o seu partido, o PSD, não deve fechar questão na votação.

“A alta de 1% da bolsa na quarta-feira foi um pouco prematura, baseada em boa parte no fechamento de questão do PMDB em favor da reforma. Além das dissidências dentro do PMDB, que não garantem votação integral da legenda, ainda há diversos partidos da base que estão indecisos e que não vão fechar questão”, disse Vitor Suzaki, analista da Lerosa Investimentos, para justificar a busca do investidor por uma postura defensiva.

As quedas da bolsa atingiram praticamente todas as blue chips do mercado, com destaque para o setor financeiro, o mais importante na composição do Ibovespa. Banco do Brasil ON, ação bastante sensível ao risco político, terminou o dia em queda de 3,87%. As ações da Petrobras recuaram 0,88% (ON) e 1,68% (PN), apesar das altas do petróleo no mercado internacional.