O Ibovespa manteve o nível de 119 mil pontos pela terceira sessão consecutiva, chegando à inédita marca de 120 mil pontos no melhor momento do dia, mas não encontrou fôlego para romper a máxima histórica de fechamento, de 119.527,63, estabelecida em 23 de janeiro.

Nesta última sessão de 2020, após quatro ganhos seguidos, o índice encerrou em leve baixa de 0,33%, aos 119.017,24 pontos, tendo oscilado entre a mínima de 118.919,43 e o novo pico histórico intradia, de 120.149,85, revogando a marca que vigorava desde 24 de janeiro, então a 119.593,10 pontos.

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O giro financeiro totalizou R$ 32,5 bilhões neste último dia de ajuste de carteira. No ano, vindo de alta de 31,58% em 2019, a maior desde 2016, o Ibovespa alcançou leve avanço de 2,92%, assegurado pelo sprint nos dois últimos meses de 2020: ganho de 9,30% em dezembro, após salto de 15,90% em novembro, o maior desde a recuperação iniciada em abril (+10,25%), interrompida entre agosto e outubro. A Bolsa chegou a acumular perda de 45% no auge da crise, no fechamento de 23 de março, então aos 63.569,62 pontos.

Após perda 8,43% em fevereiro e tombo de 29,90% em março, ainda no início da pandemia, o Ibovespa teve uma recuperação de 40,93% até o começo do segundo semestre, encerrando a série abril-julho acima da sequência positiva de quatro meses entre fevereiro e maio de 2009, quando o Ibovespa teve avanço de 39,32%. Assim, o desempenho do Ibovespa entre abril e o fechamento de julho foi o melhor desde o agregado de 46,54% entre setembro e dezembro de 2003, segundo o AE Dados. Contudo, a recuperação sofreu revés a partir de agosto e só viria a ser restaurada em novembro, com o retorno do investidor estrangeiro à B3, em fluxo líquido recorde de R$ 33,3 bilhões naquele mês, o maior da série iniciada em 1995.

No dia 23 de janeiro, quando o Ibovespa renovou máxima histórica de fechamento, aos 119.527,63 pontos, o índice dolarizado estava em 28.688,46 e, no encerramento de 2019, a 28.826,29 pontos. No encerramento de abril, primeiro mês do ciclo de retomada do índice, o Ibovespa dolarizado estava a 14.802,41 pontos, refletindo avanço do índice no mês (+10,25%), acima do observado no dólar (+4,66%). Agora, no fechamento de 2020, o índice em dólar ficou em 22.937,77, com a moeda à vista em baixa de 2,95% no mês, e o Ibovespa dolarizado vindo de 20.368,35 pontos no encerramento de novembro. No ano, o dólar à vista subiu 29,34%.

“Quando dá tudo errado, o mercado coloca no preço que o mundo vai acabar – como se viu no auge da crise, quando ativos se depreciaram em até 50%, o que não faz nenhum sentido. Agora, parece que estamos indo para o outro lado do pêndulo: o excesso de otimismo, de que tudo vai dar certo”, observa Leonardo Milane, sócio e economista da VLG Investimentos.

“O que aconteceu de novembro para cá nada tem a ver com o Brasil, com os fundamentos do País. A vitória de Biden e o enfraquecimento do dólar foram os fatores decisivos. Em movimentos de ‘risk on’ muito bruscos, o estrangeiro sai comprando tudo, até na periferia dos emergentes”, diz Roberto Attuch, CEO da Ohmresearch, que prevê um primeiro trimestre difícil, no qual, sem prosseguimento do auxílio emergencial, a demanda agregada será afetada no Brasil – em um ambiente também marcado por atraso na vacinação, “que não deve vir antes do Carnaval”.

Nesta última sessão de 2020, Vale ON coroou o avanço de 70,43% em 2020 com um leve ganho de 0,44%, enquanto Petrobras também esteve em terreno positivo nesta quarta-feira (PN +0,25% e ON +0,63%), mas ainda negativo no ano (PN -6,10% e ON -8,93%). Entre as siderúrgicas, CSN brilhou em 2020, com avanço de 125,73% no período – nesta quarta, fechou em baixa de 2,15%. Entre os bancos, o desempenho foi negativo, assim como o que prevaleceu para o setor em 2020, com BB ON acumulando perda de 24,04% e Bradesco ON, de 20,03%, em 2020.