Afetada pela crise do coronavírus e pelos problemas em torno do modelo 737 Max, cuja utilização está suspensa por companhias aéreas após acidentes fatais, a Boeing Co. registrou um prejuízo líquido de US$ 641 milhões no primeiro trimestre de 2020, ou de US$ 1,70 por ação em termos ajustados. O número frustrou analistas consultados pelo FactSet, que projetavam prejuízo líquido menor, de US$ 1,60 por ação. A receita no período igualmente decepcionou: caiu 26% em um ano, para US$ 16,91 bilhões, enquanto a expectativa era por receita US$ 17,33 bilhões no período. As informações constam em balanço publicado na manhã desta quarta-feira, 29.

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O informe de resultados, porém, foi bem recebido pelo mercado. Isso porque o fluxo de caixa livre, embora tenha caído de US$ 2,29 bilhões para US$ 4,73 bilhões negativos, não superou projeção mais pessimista do FactSet, de perda de US$ 5,79 bilhões. A receita com aviões comerciais também deu alívio aos investidores, ao recuar para US$ 6,21 bilhões (-48%), ante projeção de queda maior, a US$ 5,94 bilhões.

A fabricante de aviões informa que lançará um plano de demissão voluntária para reduzir suas despesas, considerando os impactos das crises do 737 Max e do coronavírus. “Como a pandemia continua a reduzir o tráfego de passageiros das companhias aéreas, a Boeing vê um impacto significativo na demanda por novos aviões e serviços comerciais, com as companhias aéreas atrasando compras de novos jatos”, diz a empresa, em nota.

Ainda assim, a companhia se diz otimista no longo prazo. “Estamos progredindo em direção ao retorno seguro da produção do 737 Max e estamos levando segurança, qualidade e excelência operacional a tudo o que fazemos”, ressalta o CEO, David Calhoun.

O balanço não faz qualquer citação à Embraer, após a Boeing decidir pela rescisão de acordo com a empresa brasileira.

Com os números bem recebidos pelo mercado, às 09h08 de Brasília, a ação da Boeing subia 3,31% no pré-mercado de Nova York.