O candidato de centro-esquerda Roberto Gualtieri conquistou a prefeitura de Roma no segundo turno das eleições municipais realizadas no domingo (17) e na segunda-feira (18), vencendo o candidato de direita acusado de antissemitismo, indicam pesquisas de boca de urna.

Gualtieri, de 55 anos e ex-ministro da Economia (2019-2021), derrotou o candidato de centro-direita com entre 59% e 63%, contra entre 37% e 41% de Enrico Michetti, de acordo com a sondagem do instituto Opinio realizada para a rádio e televisão pública RAI.

No primeiro turno, Michetti superou Gualtieri por três pontos (30% contra 27%).

Os romanos foram às urnas um dia depois de uma manifestação em massa que reuniu dezenas de milhares de pessoas, na capital, para exigir a dissolução de um partido de extrema-direita nostálgico do fascismo.

Com cartazes que diziam “Fascismo nunca mais”, os manifestantes pediram na praça San Giovanni, um lugar historicamente associado à esquerda, a proibição do grupo neofascista Força Nova (FN). A manifestação reuniu pelo menos 200.000 pessoas, segundo os organizadores.

O ato aconteceu após violentos protestos contra o passaporte sanitário na semana anterior.

Gualtieri conquistou parte do apoio do terceiro e do quarto lugares há duas semanas: o independente Carlo Calenda, que anunciou seu voto a favor de Gualtieri, e a prefeita em final de mandato, Virginia Raggi, do Movimento 5 Estrelas (M5E).

O futuro prefeito terá pela frente os eternos problemas de Roma, que sofre com o transporte público precário e com uma gestão desastrosa da coleta de lixo.

A situação na capital de 2,8 milhões de habitantes, uma das maiores da Europa, piorou tanto que javalis, atraídos pelo lixo que se amontoa no meio das ruas, circulam livremente em algumas zonas residenciais.

“Roma não pode se resignar a falar apenas de lixo e buracos. Roma é uma grande capital europeia”, declarou Gualtieri em seu ato de encerramento sde campanha, na sexta-feira (15).

A campanha de Michetti perdeu o rumo após uma série de erros e por sua proximidade com os partidos de extrema-direita de simpatias fascistas. No decorrer da corrida eleitoral, teve de negar seu antissemitismo, declarado em um artigo no ano passado.

O resultado é um revés para o bloco de direita na Itália, liderado pela Liga, de Matteo Salvini, e pelo grupo Fratelli d’Italia, liderado por Giorgia Meloni.

Analistas acreditam que os resultados dos dois turnos das eleições locais não afetarão o equilíbrio do governo do primeiro-ministro Mario Draghi, que conta com o apoio de uma coalizão nacional esquerda-direita.