A batalha do Bob’s não é nada fácil. O fast food brasileiro de lanches concorre no mercado nacional liderado por gigantes americanos como McDonald’s e Burguer King, com o Méqui na primeira posição – cerca de 40% de market share, segundo dados da Crest e do NPD Group do ano passado. Para se manter competitivo, o Bob’s incrementa aos seus famosos sanduíche e milk-shake um ingrediente importante: inovação. É por meio de soluções tecnológicas e, claro, lançamento de novos produtos, que a rede quer chegar a quase 1,2 mil lojas neste ano, frente às atuais 1.080 lanchonetes, sendo 90% delas de franqueados. “Estamos fazendo o dever de casa, criteriosos, e ocupando espaços”, afirmou à DINHEIRO Antonio Detsi, diretor-geral do Bob’s. A meta para 2022 é superar o faturamento pré-pandemia, de R$ 1,1 bilhão em 2019, e alcançar R$ 1,3 bilhão, sendo 7% em novos negócios.

As novidades que estão sendo colocadas em prática no Bob’s são fruto de mergulho, entre 2018 e 2019, de Detsi e de 30 integrantes de um chamado comitê digital, que estiveram no Vale do Silício, nos EUA, para interagir com startups e fintechs, e na China, para adquirir conhecimentos tecnológicos junto a empresas referência como Tencent e Alibaba. Dessas imersões surgiram ideias, norteadas pelo pensamento de ter uma companhia “leve, ágil e assertiva”, afirmou o executivo.

O Bob’s já trilhava o rumo da transformação digital sendo a primeira rede no Brasil a implantar totens de autoatendimento, em 2016, e colocar em uso o primeiro aplicativo próprio, em agosto de 2019. Com esse DNA, lançou em meados do ano passado, em parceria com outras redes de alimentação, empresas como Giraffas, Outback e Rei do Mate, a Quiq, plataforma que reúne em um só ambiente todos os aplicativos de pedidos delivery, como iFood, Rappi e Uber Eats. Segundo Detsi, ao gerenciar os apps em tela única, há redução de até 80% no tempo entre o pedido ser aceito pelo restaurante e a produção do prato. A solução está sendo instalada em todas as lojas da rede, processo que terminará em fevereiro.

A Quiq está sendo comercializada com outras companhias e vai ser mais uma fonte de receita do Bob’s. “É capaz de unir concorrentes, unir grandes setores em uma única dor e causa”, disse o diretor. A expectativa é incrementar as vendas por delivery, que antes da crise sanitária eram responsáveis por 7% das receitas das 500 lojas onde o serviço é oferecido, chegou a 100% no momento mais crítico e hoje está equilibrada em 22%, o triplo desde 2019. “Há clara mudança no hábito do consumidor”, afirmou Detsi.

Outra novidade da rede brasileira é a solução “clique e retire”, em que o consumidor faz o pedido pelo app Chama o Bob’s e retira os produtos em um locker instalado nas lojas – armários em que a comida é entregue sem o contato do cliente com atendentes da cozinha – que são abertos pelo QRCode que o cliente recebe no celular. Funciona também para os entregadores pegarem os pedidos de delivery. “É contactless [sem contato], algo que foi bem recebido na pandemia por causa da segurança.” Uma loja conceito omnichannel, chamada Bob’s Conecta, com todas as inovações tecnológicas da rede, será inaugurada em Campinas (SP) nas próximas semanas.

PRODUTOS Se não quiser comprar no balcão, por delivery ou no drive thru, o Bob’s oferece outra possibilidade para os consumidores da marca, que podem levar os produtos da rede congelados para preparar e comer em casa. É o kit Faça em Casa, disponível desde julho de 2021 em mercados como o St Marche, além de algumas lanchonetes que recebem displays específicos e também pelo delivery. A caixa é composta por seis unidades de hambúrgueres 100% carne bovina, seis conjuntos de pães (coroa e base), fatias de queijo e 200g do molho Big Bob. E para atender ao movimento vegetariano, a rede que já tinha o sanduíche Tentador Zero Beef desde 2019, incluiu o Tentador Zero Frango no cardápio. São hambúrgueres à base de plantas. Tudo para se diferenciar dos fortes concorrentes e manter a competitividade brasileira no setor de fast food dominado pelos gringos, mas inovado pelo Bob’s.