Os projetos de expansão do BNP Paribas no Brasil saltaram da teoria à prática em apenas um mês. O banco francês, segundo da Europa em patrimônio líquido, anunciou em dezembro a intenção de montar uma operação condizente com o mercado brasileiro e, ao fim de janeiro, já tem resultados para mostrar. A área de gestão de recursos de terceiros, reforçada por praticamente todo o time que deixou o CCF Brasil após a venda do banco para o HSBC, conseguiu atrair nada menos que R$ 160 milhões para os fundos de investimento apenas nos primeiros 20 dias de janeiro. É mais que todo o patrimônio sob gestão da maior parte das empresas em atividade no mercado. Pela velocidade do crescimento, ficou claro que os planos do grupo para o Brasil são a sério. O patrimônio dos fundos do BNP ultrapassou pela primeira vez a marca de R$ 1 bilhão e pôs o banco de vez na elite dos gestores de recursos do País. A quantia, porém, é ainda modesta diante da meta estabelecida para três anos: o BNP quer ter 2% de participação do mercado, o que, pelos números de hoje, daria algo como R$ 6 bilhões.

Hoje um típico banco de investimentos de capital estrangeiro, focado em operações internacionais, a subsidiária brasileira do BNP quer ser ?mais generalista?, nas palavras do vice-presidente François Legleye. A disparada nos fundos de investimento, pilotada por Marcelo Giufrida, da equipe ex-CCF, e por André Pires, foi apenas o primeiro resultado visível. O dinheiro que entrou em período tão curto, juram, não é de clientes trazidos do CCF, mas, em sua maioria, de clientes que já estavam no banco, mas só se decidiram a aumentar os investimentos ao ver que a aposta do BNP no Brasil era a sério.

A estrutura básica para a arrancada geral está em plena montagem. O banco tem cem pessoas no Brasil e um capital de R$ 100 milhões, que vai sofrer um aumento para R$ 300 milhões assim que entrarem recursos já separados pela matriz, sob a forma de aumento de capital. A compra de uma corretora de valores também está em estudos e chegou a ser anunciada extra-oficialmente. Mas a chave do projeto vai ser na área de distribuição. Forte no varejo na Europa, na África e no estado americano da Califórnia, o BNP sabe que precisará ter aqui algum tipo de rede para chegar ao tamanho que deseja. Falta definir a cara das lojas e a extensão da rede.