Independentemente de estar acima do limite de exposição à Petrobras, o Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES) poderia contratar novos empréstimos indiretos para a petroleira, informou a assessoria de imprensa da instituição de fomento. Nas operações indiretas, o BNDES fornece o funding dos recursos a um banco repassador, que faz a análise e assume o risco de crédito do financiamento.

Na quinta-feira, em entrevista coletiva após a divulgação dos resultados da estatal, o diretor financeiro da Petrobras, Ivan Monteiro, disse que a companhia voltaria a tomar recursos no banco de fomento em breve, chamando atenção para a exposição do BNDES à estatal, como revelou mais cedo o Broadcast (serviço de notícias em tempo real do Grupo Estado).

“Fizemos pagamentos expressivos para o BNDES e agora podemos voltar a operar. Uma linha que a gente espera utilizar o mais rápido possível é de Finame”, afirmou Monteiro.

A Finame é a linha do BNDES para financiar a aquisição de bens de capital, que é operada de forma indireta na maioria dos empréstimos. Segundo o executivo, a intenção é contratar de R$ 800 milhões a R$ 1 bilhão somente em operações da Finame nos próximos seis meses. O total poderia chegar a R$ 2 bilhões.

A assessoria de imprensa do BNDES citou a possibilidade de fazer operações indiretas quando questionada se havia pedidos de empréstimos da Petrobras na instituição e se o limite de exposição a um único cliente havia sido rompido no caso da petroleira. Sobre esses dois questionamentos, o BNDES não comentou.

Pelas regras do BC, um banco não pode ter, em crédito a receber e participação acionária, mais do que 25% do seu patrimônio de referência comprometidos com um único cliente. Como o patrimônio de referência do BNDES terminou o primeiro trimestre em R$ 135,864 bilhões, o banco não pode ter exposição superior a R$ 33,966 bilhões com apenas um cliente.

O BNDES está desenquadrado em relação à Petrobras há anos e, desde 2015, o banco está proibido de emprestar para a companhia enquanto não reduzir sua exposição à estatal para baixo do limite permitido. A partir de 2016, porém, a estatal vem pagando antecipadamente parte de sua dívida com o banco de fomento, reduzindo a exposição.