O presidente do Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES), Gustavo Montezano, reafirmou nesta quarta-feira, 28, que a instituição de fomento devolverá ao Tesouro Nacional os R$ 126 bilhões combinados com o Ministério da Economia, independentemente no montante que vender em participações acionárias.

“Estamos em situação bastante confortável para devolver os R$ 126 bilhões este ano”, afirmou Montezano em entrevista coletiva, no Rio, após dizer que as devoluções são “totalmente desvinculadas da venda de ações”.

O executivo reconheceu ainda que os desembolsos deste ano ficarão em torno de R$ 60 bilhões. No primeiro semestre, o banco liberou R$ 25,2 bilhões para empréstimos já contratados.

Segundo Montezano, o BNDES discutirá internamente uma meta de desembolsos para os próximos anos, que deverá ficar em torno de R$ 70 bilhões anuais. O executivo frisou que as mudanças em curso no BNDES não significam que o banco deixará de emprestar.

“Não vamos parar de fazer desembolsos, vamos continuar sendo banco, sim. Em alguns setores, ter capital de longo prazo é fundamental”, afirmou Montezano, em entrevista coletiva, no Rio.

Caixa-preta

Montezano afirmou que sua gestão à frente da instituição de fomento, iniciada no fim de junho, está “evoluindo positivamente na meta de explicar a ‘caixa-preta'”.

O executivo citou como avanços o anúncio de que houve um erro operacional num empréstimo com a JBS, feito em entrevista ao jornal Valor Econômico, e a divulgação de uma lista de empresas que compraram jatinhos executivos com crédito do BNDES, na semana passada.

Questionado sobre o fato de o Ministério Público Federal (MPF) ter usado a revelação do erro operacional para fazer nova denúncia na Operação Bullish, que investiga as operações do BNDES com o frigorífico JBS, Montezano ressaltou que não cabe à diretoria do banco julgar se houve culpa ou intenção dos funcionários da instituição.

“Não posso nem devo me manifestar sobre essa decisão. A gente aqui é executivo, não estamos aqui para julgar ninguém”, afirmou Montezano.

Segundo o executivo, “alguns grupos de trabalho” têm se debruçado sobre operações passadas, mas o BNDES só revelará informações sobre os casos quando houver certeza sobre eventuais problemas encontrados.

Fundo Amazônia

Montezano disse que há “clima” para a instituição de fomento continuar operando o Fundo Amazônia. Em reunião com o presidente Jair Bolsonaro em Brasília sobre as queimadas na Amazônia, governadores da região sugeriram que a gestão do fundo fosse entregue para o Banco da Amazônia (Basa).

Criado em 2008 com aportes da Noruega, principalmente, e da Alemanha, o Fundo Amazônia tem em torno de R$ 3,2 bilhões. Gerido pelo BNDES, ele apoia com recursos não reembolsáveis projetos de organizações não governamentais, governos e universidades que sejam voltados para a redução do desmatamento. A aplicação de recursos do fundo vem sendo criticada pelo ministro do Meio Ambiente, Ricardo Salles, desde o início do ano, gerando atritos com o BNDES.

Segundo Montezano, eventual decisão sobre uma mudança no gestor do fundo passará pelo governo federal e pelos cotistas, Noruega e Alemanha. O presidente do BNDES disse que acatará tanto a decisão de mudar o gestor como de o banco de fomento continuar como operador do fundo.