Londres, 26 – O bloqueio do Canal de Suez por um navio cargueiro de 200 mil toneladas pode ter impacto sobre a oferta de café instantâneo na Europa. Embora a passagem marítima seja mais conhecida como uma importante rota para transporte de petróleo do Oriente Médio para a Europa, serve também como a principal rota para o transporte de café robusta do Sudeste Asiático para o continente. A variedade é comumente usada em café instantâneo.

Caso a situação não se resolva a tempo, torrefadoras europeias podem ser forçadas a recorrer a seus estoques. Além disso, redirecionar os navios para que eles contornem o Cabo da Boa Esperança pode elevar os custos, disseram analistas.

Cafeterias geralmente servem café arábica, cultivado principalmente na América do Sul, mas o consumo fora de casa foi fortemente afetado pela pandemia de covid-19. Já a demanda por robusta vem sendo sustentada pelo maior consumo de café instantâneo em casa.

O café robusta vendido na Europa vem principalmente do Sudeste Asiático – o Vietnã, maior produtor mundial da variedade, é responsável por quase um quarto de todo o café importado pela União Europeia, de acordo com dados da Eurostat. Torrefadoras europeias também vêm aumentando as compras de produtores da África Oriental nos últimos meses.

“Como atrasos na chegada de novos carregamentos agora são bastante prováveis, estoques devem ser reduzidos nas próximas semanas”, disse o analista William Rutherford-Roberts, da StoneX, lembrando que a oferta de robusta já vinha sendo afetada por uma escassez de contêineres.

No entanto, o analista Steve Pollard, da Marex Spectron, observou que os estoques de café robusta na Europa são confortáveis, totalizando pouco menos de 6 milhões de sacas. “O problema é de custo. Os navios podem contornar o Cabo da Boa Esperança, mas isso acrescenta cerca de sete dias à viagem e é mais caro”, disse.