Um plano para criar o maior santuário marinho nas águas da Antártica voltou a ser bloqueado ao não alcançar um consenso durante uma cúpula realizada na Austrália, gerando críticas dos ecologistas por falta de visão científica neste sábado (3).

Os Estados-membros da organização que deve supervisionar a exploração sustentável do Oceano Antártico não conseguiram entrar em acordo sobre a criação de uma zona de proteção marinha de 1,8 milhão de quilômetros quadrados, durante uma reunião anual na sexta-feira.

A criação desta reserva marinha estava destinada a proibir a pesca em uma ampla área do Mar de Weddell para proteger espécies como focas, pinguins e baleias.

Para isso, era necessário o consenso dos 24 membros da Convenção para a Conservação dos Recursos Vivos Marinhos Antárticos (CRVMA) e da União Europeia.

Mas, segundo organizações de defesa do meio ambiente, Rússia e China – cujas preocupações sobre o cumprimento e os direitos de pesca já foram consideráveis obstáculos no passado -, assim como a Noruega, rejeitaram o plano.

“Era uma oportunidade histórica de criar a maior zona protegida da Terra na Antártica, salvaguardar a fauna, combater as alterações climáticas e melhorar a saúde dos nossos oceanos”, disse Frida Bengtsson, do Greenpeace, em um comunicado neste sábado.

“Vinte e duas delegações vieram aqui para negociar de boa fé, mas, ao invés disso, as propostas científicas sérias para uma proteção marinha urgente foram arruinadas por intervenções apenas comprometidas com a ciência e que ridicularizavam qualquer tentativa de deliberação real”, acrescentou.

A cúpula da CRVMA, realizada todos os anos em Hobart, Austrália, conseguiu estabelecer em 2016 uma enorme reserva marinha no Mar de Ross de 1,55 milhão de quilômetros quadrados (o equivalente a Reino Unido, França e Alemanha juntos).