Há oito anos, Michael Bloomberg chamou um de seus executivos, o americano Daniel Parke, e fez uma encomenda: ?Vamos ver o que o Brasil tem de potencial?. Por dois anos, o executivo palmilhou a região, alugou um pequeno escritório no centro da capital paulista e contratou a primeira equipe da agência para o País. De lá para cá mudou muita coisa. Dos 12 funcionários iniciais, pulou para 100. Das modestas instalações sobra pouco: hoje, Parke e sua equipe debulham as informações sobre o mercado financeiro do alto do amplo e sofisticado 21º andar do World Trade Center, em São Paulo. Neste ano, quer atingir a marca de 35% de crescimento da receita. As notícias sobre o bom momento do mercado brasileiro chegaram na hora certa. O mentor da Bloomberg se prepara para, em dois meses, se declarar candidato republicano a prefeito de Nova York, deixando o comando da empresa que fundou em 1981. Além da mudança na gestão da maior rede de informações financeiras do mundo, os executivos se preocupam com a desaceleração da economia americana. ?Da expansão dos negócios nas filiais deverá vir agora a força da Bloomberg?, avalia Parke.

Da base brasileira, ele comanda os negócios em toda a América Latina. ?O Michael Bloomberg costuma reforçar que, justamente porque a disseminação dos nossos serviços é modesta, ainda há espaço para crescer?, frisa. No mercado brasileiro, o número de terminais ? sistema por onde os dados trafegam para os computadores ? chega a 2 mil, contra 160 mil instalados em todo o mundo. Do faturamento de US$ 2,9 bilhões anuais, o Brasil participa com menos de US$ 40 milhões. Para crescer, o executivo aposta na importância que a informação tem ganho internacionalmente. ?As empresas estão ampliando o número de assinaturas para que os funcionários tenham, com agilidade, acesso ao que acontece no mundo. Assim ganhamos mercado.?

Mas, agora, com a saída de Michael Bloomberg, a pergunta que ronda os executivos da matriz e ecoa nas filiais é: como ficará a Bloomberg sem seu criador? Em março, ele começou a levar para a empresa velhos conhecidos, como o banqueiro e seu amigo Peter T. Grauer, além de profissionais contratados no mercado, e a treinar nove de seus principais executivos. ?Não haverá uma quebra de continuidade nos negócios?, garante Parke. A julgar pela situação da Bloomberg, ele tem razão. Embalada pelo mais longo período de mercado em alta da história americana, a companhia assistiu suas receitas mundiais crescerem a uma média anual de 25% e as suas operações se propagar pelas operações de informações eletrônicas, revistas, televisão e rádio.

O empresário bilionário da mídia não é homem de meias medidas. Para melhorar suas chances de passar pelas eleições primárias, Bloomberg, que foi democrata a vida toda, filiou-se em 2000 ao Partido Republicano. Assim, terá de vencer um ou dois adversários, contra os quatro dos democratas. Como não quer perder tempo, o empresário anuncia que mote vai explorar junto aos eleitores. Vai se apresentar como o CEO da cidade. Em entrevistas, tem dito: ?Sei administrar, liderar e tenho convicção suficiente para levar adiante minhas idéias?.