16/04/2021 - 11:30
O mercado de criptomoedas avançou uma etapa importante para que esses ativos deixem de ser um investimento de nicho. O divisor de águas foi a estreia em Wall Street das ações da Coinbase, maior corretora americana de criptoativos. Na quarta-feira (14), milhares de funcionários e investidores converteram suas participações em ações, que puderam ser negociadas. Ninguém se queixou de falta de interesse. A demanda foi tão forte que, logo na abertura, as ações foram negociadas a US$ 381, valorização de 52% ante o preço referência de US$ 250, estabelecido na véspera.
Para aqueles que estão de olho em criptoativos, o sucesso da Coinbase é mais uma prova da força desse mercado. Por qualquer métrica, ela é uma empresa grande. Após a abertura de capital, seu valor de mercado foi calculado em US$ 99,6 bilhões, o que a coloca entre as 85 companhias mais valiosas dos Estados Unidos. Seus resultados também são pujantes. Ela informou à Securities and Exchange Commission (SEC), órgão americano equivalente à Comissão de Valores Mobiliários (CVM), que faturou US$ 1,8 bilhão no primeiro trimestre deste ano, crescimento de 58% ante os resultados totais de 2020. Além disso, a empresa chegou ao lucro. A última linha de seu demonstrativo de resultados mostra um superávit de US$ 730 milhões no trimestre, ante uma perda de US$ 322 milhões nos três primeiros meses de 2020.
Fundada em 2012, ela encerrou o primeiro trimestre com 56 milhões de usuários cadastrados, dos quais 2,8 milhões realizam pelo menos uma transação mensal. Para comparar, a B3 possui 3,2 milhões de usuários cadastrados, e isso representa um recorde histórico para a Bolsa. A multidão de clientes da Coinbase movimenta muito dinheiro. No fim de março, sua plataforma contabilizava a custódia de US$ 223 bilhões em criptoativos e respondia por 11,3% das transações totais.
52% foi a valorização das ações da Coinbase na estreia
POPULARIZAÇÃO A chegada de uma empresa com o perfil da Coinbase ao mercado permitirá uma mudança estrutural nos investimentos em criptoativos. Em 2008, quando foram minerados os primeiros bitcoins com base na tecnologia blockchain, investir nisso era algo para iniciados, fãs de informática ou tomadores de risco compulsivos.
Desde então, as criptomoedas se aproximaram dos investimentos tradicionais. Prova disso é que, ao preparar suas declarações de imposto de renda de 2021, os brasileiros terão de informar detalhadamente quanto possuem nelas.
O fato de poderem fazer negócios e custodiar ativos em uma companhia listada nos Estados Unidos e ao alcance dos fiscais do mercado americano traz aos investidores muito mais confiança do que ter de operar com exchanges e corretoras sediadas em remotos paraísos fiscais. A Coinbase não elimina 100% dos riscos. Ao contrário. Segundo especialistas, sua exposição a ativos tão voláteis coloca o próprio negócio em risco. Mesmo assim, a consolidação da Coinbase como líder no mercado de corretagem influenciou as cotações das moedas virtuais mais populares. A movimentação elevou os preços do bitcoin, que vêm batendo recordes consecutivos e superaram US$ 64,9 mil na quarta-feira (14).
