Desde seu surgimento em 2009, a Bitcoin teve seus negócios restritos ao nicho dos especialistas em tecnologia. O mesmo vale para as outras criptomoedas, cujos negócios se restringem a plataformas exclusivas e pouco transparentes. Isso afasta boa parte dos investidores tradicionais. No entanto, esse cenário está prestes a mudar. A CME Group, empresa americana que possui a Bolsa de Chicago e agrega as maiores bolsas de derivativos do mundo, confirmou, na segunda-feira 20, que contratos futuros da Bitcoin passarão a ser negociados em dezembro, ainda sem data definida. Pela primeira vez, uma criptomoeda será comercializada ao lado de derivativos de câmbio, juros e commodities.

Terry Duffy: proporcionando transparência para os investidores em criptomoedas (Crédito:Divulgação)

O início dos negócios na Bolsa de Chigago foi vista pelo mercado como um endosso à Bitcoin. “O fato de a moeda passar a ser negociada em uma bolsa tradicional, a coloca em conformidade com o regulamento de muitos fundos de investimento”, diz Fausto de Arruda Botelho, CEO da Enfoque consultoria financeira. “Isso abre espaço para que essa indústria trilionária possa investir no segmento de moedas virtuais.

De acordo com a CME, os contratos futuros de Bitcoin serão liquidados em dólares, com base na Taxa de Referência de Bitcoin (BRR), que será calculada diariamente a partir da cotação média da moeda em relação ao dólar. Ao contrário dos mercados tradicionais, que têm horário de abertura e de fechamento, os negócios com Bitcoin acontecem 24 horas por dia. Por isso, o preço será atualizado uma vez por dia, às 16h, horário de Londres. A BRR será calculada pela média das cotações da Bitcoin em quatro plataformas virtuais: Bitstamp, GDAX, itBit e Kraken. Não há estimativas oficiais do tamanho desse mercado, algo que a listagem na CME poderá, eventualmente, fornecer.

Na avaliação de Terry Duffy, presidente e diretor executivo do grupo CME, a iniciativa atende o aumento do interesse dos clientes por criptomoedas. “Como o maior e mais diversificado mercado de derivativos do mundo, o CME Group é o lar natural desse novo negócio, que proporcionará aos investidores transparência, informação sobre os preços e capacidade de transferência de risco”, disse Duffy.