Depois de ter perdido até 30% de seu valor, após uma advertência de várias federações bancárias chinesas sobre as criptomoedas e comentários negativos do magnata americano Elon Musk, o bitcoin limitou suas perdas nesta quarta-feira (19) precisamente após uma mensagem do fundador da Tesla.

Por volta das 20h20 GMT (17h20 de Brasília), a criptomoeda mais famosa estava cotada em baixa de 8,5% a 39.587 dólares. Mais cedo, havia chegado a 30.016 dólares, um preço que não se via desde o fim de janeiro.

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As cotações se recuperaram após um tuíte de Musk, que deu a entender que sua empresa, que comprou o equivalente a 1,5 bilhão de dólares no começo do ano, não as vendeu, ao contrário do que deu a entender em uma mensagem anterior.

Musk decidiu, em meados de maio, rejeitar os pagamentos em bitcoin por seus veículos elétricos, ao contrário de um compromisso anterior de aceitá-los, alegando o risco ambiental provocado pelo alto consumo de energia para gerar esta criptomoeda.

No auge de sua queda no dia, o bitcoin tinha perdido mais da metade do seu valor em comparação com seu recorde de apenas um mês atrás, em 14 de abril, a 64.869,78 dólares.

“A China mexeu na ferida ao declarar que as moedas virtuais não deveriam e não podem ser utilizadas no mercado porque não são moedas reais”, comentou Fawad Razaqzada, analista da Thinkmarkets.

Nesta quarta, várias federações bancárias chinesas de referência consideraram que as criptomoedas “não são verdadeiras divisas” e advertiram para o risco da “especulação” em um país que está trabalhando em sua própria moeda digital.

A China foi durante um tempo uma das praças fortes do bitcoin, a moeda virtual mais conhecida.

No entanto, em 2019 Pequim deu uma reviravolta radical e declarou ilegais os pagamentos com criptomoedas no país, acusando-as de servir a “atividades criminosas”. A China se preocupava com o risco especulativo que as criptomoedas poderiam provocar para seu sistema financeiro e sua estabilidade social.

– Um “risco para a ordem econômica mundial” –

E enquanto cresce o interesse pelas moedas virtuais no exterior, três federações bancárias pediram aos estabelecimentos financeiros que “não aceitem […] ou utilizem criptomoedas” como forma de pagamento.

“Recentemente, as cotações das moedas virtuais dispararam e depois despencaram” no exterior e as atividades especulativas “deram um salto”, apontaram em um comunicado conjunto.

Isto “atenta gravemente contra a segurança dos bens das pessoas e perturba a ordem econômica mundial”, criticou a Federação Nacional de Financiamento na Internet, a Federação Bancária da China e a Federação de Pagamentos e Compensação.

Impulsionado pelo interesse de investidores cada vez mais sérios – de bancos institucionais de Wall Street a gigantes do Vale do Silício -, o mercado das criptomoedas aumentou até alcançar mais de 2,5 trilhões de dólares em meados de maio de 2020, segundo a página Coinmarketcap, que coleta informação sobre quase 10.000 criptomoedas.

O regulador chinês não é o único preocupado com o aumento do mercado das criptomoedas: seus similares na Europa e nos Estados Unidos pedem prudência aos investidores, embora não tenham proibido as transações.

A moeda virtual chinesa, futura forma de pagamento eletrônico com smartphones, poderia iniciar caminhada em 2022 nos Jogos Olímpicos de Inverno de Pequim.