O bispo nicaraguense Rolando Álvarez, detido há uma semana pelas forças de segurança acusado de tentar desestabilizar o país, assegurou nesta quinta-feira (11) que tanto ele como uma dúzia de pessoas que o acompanham estão bem de saúde.

“Graças a Deus estamos bem de saúde, vivendo em comunidade (…) estamos nas mãos de Deus”, disse Álvarez em uma missa transmitida pelo Facebook. Ele acrescentou que estão vivendo a “detenção como um retiro espiritual”.

O estado de Álvarez, da diocese de Matagalpa, norte da Nicarágua, causou preocupação pela falta de notícias sobre sua situação.

O bispo estava em silêncio há cinco dias, apesar de no início de seu confinamento ter dito que transmitiria uma missa diária.

As autoridades estão investigando o padre por tentar “organizar grupos violentos” e incitar “a realizar atos de ódio (…) com o objetivo de desestabilizar o Estado da Nicarágua”, informou a polícia na sexta-feira passada.

As forças de segurança monitoram para que Álvarez não saia de sua cúria, situação que o prelado de 55 anos descreveu como “da casa para a cadeia”.

“Estamos com força interior, com paz, serenidade em nossos corações, com uma alegria em nossa consciência que só pode vir de Deus”, disse Álvarez, crítico do governo de Daniel Ortega e membro da Conferência Episcopal da Nicarágua (CEN).

“Nossos joelhos se dobram” a Deus, observou.

“Estamos totalmente convencidos de que tudo acontece é para o nosso bem, porque Deus nos ama”, declarou Álvarez, que agradeceu os “milhares” de sinais de solidariedade que recebeu de paroquianos e bispos latino-americanos.

“Nossa força está em suas orações”, disse ele.

Álvarez foi detido em sua cúria depois de denunciar o fechamento de cinco rádios religiosas e exigir que o governo Ortega “respeitasse” a liberdade de culto diante do “assédio” que, segundo ele, a Igreja Católica sofre.

As relações entre a Igreja e o governo Ortega se deterioraram em 2018, quando vários templos abriram suas portas para abrigar manifestantes feridos durante os protestos contra o presidente que foram duramente reprimidos.

O governo sustenta que essas manifestações fizeram parte de uma tentativa de golpe promovida pela oposição com o apoio de Washington e na qual os bispos foram cúmplices.