O Banco de Compensações Internacionais (BIS, na sigla em inglês), instituição considerada o banco central dos bancos centrais, alertou nesta segunda-feira (20), em seu relatório trimestral, para a possibilidade do surgimento de uma “bolha verde”, diante do aumento dos chamados investimentos “sustentáveis”.

Nos últimos meses, os mercados financeiros enviaram “sinais mistos”, que refletem “certo mal-estar” quanto às perspectivas de recuperação da economia global. Por isso, o BIS, cuja sede fica em Basileia, na Suíça, tem se concentrado neste segmento de mercado que experimenta, assim como ocorreu com os papéis de tecnologia, uma demanda muito alta.

Os investimentos em ativos ESG, sigla adotada para as empresas que oferecem as melhores práticas ambientais, sociais e de governança, estão em pleno auge, constatou o BIS em seu relatório trimestral.

No entanto, ao se levar em conta a rapidez de crescimento dessa nova classe de ativos, o BIS questiona se isso poderia resultar na formação de uma bolha.

“Um avanço fundamental, que poderia ajudar a financiar a transição para um mundo com baixa produção de carbono, poderia causar desequilíbrios financeiros significativos?”, questiona o BIS em seu informe.

Historicamente, os investimentos que acompanham grandes mudanças econômicas e sociais tendem a experimentar correções após uma fase de auge inicial, alertou a instituição financeira internacional.

Como exemplo, o BIS citou o crescimento dos investimentos nas companhias ferroviárias no século XIX e a bolha tecnológica que estourou no início dos anos 2000.

Agora, o BIS afirma que há “sinais” que parecem indicar que os valores dos ativos ESG podem estar alongados.

Segundo uma definição mais ampla, a magnitude dos ativos ESG teria crescido em um terço entre 2016 e 2020 para se situar em 35 trilhões de dólares (cerca de R$ 186 trilhões), ou seja, 36% dos ativos administrados profissionalmente por bancos e fundos de investimento.

Já em uma definição mais restrita, que inclui apenas os fundos mútuos de investimento e os fundos negociados em Bolsa (ETFs), esses ativos somariam US$ 2 trilhões (R$ 10,6 trilhões), o que representa um crescimento multiplicado por 10 nos últimos cinco anos.

Segundo essa última aferição, os ativos “sustentáveis” representam 3% dos investimentos em ações dos fundos mútuos e ETFs, e 1% de seus investimentos em obrigações.

Por isso, o BIS alerta que é preciso monitorar muito de perto o desenvolvimento desse mercado, se o mesmo continuar crescendo nesse ritmo.