Quando transportava cargas por meio de cavalos e charretes na Alsácia, no noroeste da França, o empreendedor Louis Danzas nem poderia imaginar que a singela atividade que começava ali, nos idos de 1815, iria se transformar na espinha dorsal das empresas do século 21. O trabalho ganhou outro nome ? logística ?, os cavalos foram substituídos por caminhões dotados de rádio-freqüência e monitoramento via satélite e a atividade, agora, tem novas atribuições: além do transporte, o gerenciamento on-line de estoques e de compras de mercadorias. É um segmento em ebulição. Cresce a taxas de 15% a 20% ao ano e movimenta cerca de US$ 2,1 trilhões no mundo. No Brasil, a cifra chegou a R$ 144 bilhões em 2000. O motivo: ao contratar uma empresa de logística, as companhias tiram das costas o peso de cuidar da retaguarda do negócio, preocupando-se apenas com desenvolvimento, marketing e produção. ?Não basta uma companhia ter um produto fantástico e um marketing agressivo se a mercadoria não está acessível nas prateleiras ou se não chega ao cliente no momento certo?, diz Francisco de Brito, diretor-geral da Danzas no Brasil. A empresa, que chegou ao País só há um ano e meio, encerrou 2000 com um faturamento de R$ 120 milhões. ?Para 2001, a meta é crescer mais 24%?, afirma Brito.

 

A arrancada do setor pode ser vista como um sinal de aumento da competitividade das empresas. ?A logística é uma grande oportunidade de redução de custos?, afirma Pedro Francisco Moreira, presidente da Associação Brasileira de Movimentação e Logística (ABML). Cálculos de mercado mostram que a contratação de operadores logísticos pode representar uma economia de até 20%. Isto explica a movimentação do setor no mercado brasileiro. Para se ter uma idéia, surgem, em média, seis empresas de logística por mês no País. Em dezembro, a conta estava em 150. Nos últimos anos, várias multinacionais desembarcaram por aqui. A maioria chegou por meio de aquisições ou parcerias com companhias locais. É o caso da Penske com a Cotia Trading. Da aliança, nasceu a Cotia Penske, responsável pelas operações da Ford, HP e Americanas.com. Outras, como a americana Circle-Eagle, vieram junto com seus próprios clientes. A companhia atende Nokia e Dell. Neste ano, a Circle está investindo US$ 20 milhões na construção de grandes terminais nos aeroportos de Manaus e de Viracopos (Campinas) e planeja crescer 80%. ?Há muito o que explorar no Brasil?, diz o vice-presidente Raul Pedraza.

Entre os campos a serem desbravados está o e-commerce. Uma empresa que está apostando no potencial da rede é a Intecom, parceria do Grupo Martins, maior atacadista da América Latina, com o JP Morgan. Aproveitando a estrutura logística do grupo Martins ? 50 centros de estocagem e uma frota de 2,6 mil caminhões ? e com investimentos de US$ 25 milhões em tecnologia, a Intecom promete entregar mercadorias em mais de cinco mil municípios num prazo médio de 24 horas. ?Onde existir uma estrada mais ou menos conservada ou um rio navegável, estaremos lá?, afirma o presidente Alair Martins.