A pandemia serviu de motor para a tendência de digitalização dos serviços financeiros no varejo bancário, de acordo com um estudo publicado na segunda-feira, 21, pelo Conselho de Estabilidade Financeira (FSB, na sigla em inglês). Houve no período um aumento da participação de gigantes da tecnologia – as chamadas bigtechs – e também das fintechs, que ganharam espaço. Mas as instituições tradicionais também se beneficiaram desse impulso às inovações digitais em meio às medidas para controlar a covid-19, segundo a entidade, que tem sede na Suíça.

O uso de carteiras digitais no e-commerce, por exemplo, saltou de 6,5% em 2019 para 44,5%, em 2020, indicando maior participação das bigtechs, mostra o estudo Flavors of Fast, da empresa de tecnologia FIS, mencionado pelo FSB. Na China, esse número chegou a 72%, enquanto nos Estados Unidos passou de 24%, em 2019, para 30%, em 2020.

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“A pandemia de covid-19 teve um impacto significativo na estrutura do mercado de serviços financeiros do varejo. As tendências para a digitalização de serviços financeiros se aceleraram e algumas mudanças vieram para ficar”, diz o FSB.

GIGANTES

Grandes fintechs e os chamados “incumbentes”, empresas com larga escala do segmento financeiro, foram os que mais se beneficiaram, pois se valeram de elevados investimentos e de uma base maior de clientes para ganhar participação durante a pandemia. A receita de bigtechs cresceu 17% entre 2019 e 2020, enquanto a capitalização de mercado dessas empresas avançou 57% no período, segundo o FSB.

No caso de fintechs menores, a pandemia teve um “impacto desigual”, na visão da entidade, uma vez que o fluxo de recursos se reduziu e muitas dependiam de investidores.

De acordo com a entidade, a maior presença de bigtechs e fintechs no setor financeiro gera benefícios como a redução de custos e inclusão financeira, preenchendo lacunas do setor e contribuindo para uma maior diversidade. Nos países emergentes, diz o FSB, esses avanços são ainda mais evidentes.

Por outro lado, alerta a entidade, o crescimento de nomes da tecnologia traz riscos, como questões de concentração de mercado, atuação de empresas fora do olhar regulatório e ataques cibernéticos, que podem causar implicações negativas para a estabilidade financeira do sistema.

As informações são do jornal O Estado de S. Paulo.