Em boa parte das seguradoras, a última semana de dezembro seguiu a praxe de relatórios anuais e festas de confraternização. Na sede da Aon, na zona Sul de São Paulo, o ritmo foi frenético, com reuniões avançando pela madrugada. A equipe de Marcelo Munerato, CEO da empresa no Brasil, corria para costurar a aquisição da corretora de seguros Admix, que possui uma consultoria de benefícios em saúde. A transação foi aprovada pela Agência Nacional de Saúde (ANS) em 18 de janeiro. “Foi um namoro longo, que resultou numa aquisição estratégica, concluída em seis meses”, diz Munerato, que falou com exclusividade à DINHEIRO sobre a estratégia de crescimento no País.

Foi a maior compra feita pela Aon no Brasil nesse setor, e lhe permitirá dobrar de tamanho na área de saúde e de benefícios, adicionando 2,7 milhões de beneficiários ao 1,3 milhão que já possuía. O valor da transação não foi revelado. “Assinei um cheque com muitos zeros”, diz Munerato. Pelas contas do mercado, a Admix foi vendida por mais de R$ 1 bilhão devido à intensidade da disputa, da qual participaram outras três seguradoras e três fundos de private equity. Além da carteira, com 6,7 mil clientes corporativos de pequeno, médio e grande porte, a compra trouxe mais de mil corretores e a plataforma tecnológica da Admix, que gera dados de clientes a partir do uso de Big Data, e levou uma década para ser desenvolvida.

Outro ponto forte é o serviço para a gestão de pacientes de doenças crônicas Farmaseg, que concede descontos em farmácias, gerencia o débito dos gastos com medicamentos na folha de pagamento, e informa a frequência do uso do remédio. Essas informações podem ser cruzadas com as da rede médica. “Isso auxilia a gerir custos e permite analisar dados de quatro milhões de vidas em diferentes sistemas, oferecendo soluções para as empresas.” Com previsão de crescimento de 15% neste ano, a Aon prevê a retomada da economia em breve. “Nossos clientes pararam de demitir e alguns já falam em expansão.”

A companhia projeta segurar R$ 7 bilhões neste ano, dos quais R$ 5 bilhões em saúde e benefícios. “Devemos faturar R$ 800 milhões, sendo R$ 480 milhões com saúde”, diz ele. O interesse pela Admix era justificado, pois o momento é promissor. Randal Zanetti, presidente da Bradesco Seguros, avalia que o setor deve crescer de 6% a 7% neste ano, segundo dados da Confederação Nacional das Empresas de Seguros (CNSeg), que representa o setor. Apesar da queda de 1,1 milhão de clientes até setembro de 2016, segundo a ANS, o faturamento do seguro saúde deve crescer entre 11,4% e 12,8% em 2017.