Joe Biden inicia nesta quinta-feira (19) sua primeira viagem como presidente à Ásia convencido de que o confronto com a Rússia revitalizou a liderança dos Estados Unidos, ainda que cauteloso diante da possibilidade de que um ensaio nuclear da Coreia do Norte arruine seu roteiro otimista.

O presidente democrata irá à Coreia do Sul e depois ao Japão, no domingo, para realizar cúpulas com os líderes dos dois países, além de se unir a uma cúpula regional do grupo Quad – Austrália, Índia, Japão e EUA – em Tóquio.

Durante a primeira etapa, visitará as tropas americanas e sul-coreanas, mas não realizará a tradicional viagem presidencial à fronteira fortificada conhecida como DMZ entre a Coreia do Sul e a Coreia do Norte, informou a Casa Branca.

A viagem é apresentada como prova de que os Estados Unidos querem consolidar seu peso na Ásia, onde o crescente poder comercial e militar da China está fazendo frente a décadas de liderança americana.

O assessor de Segurança Nacional dos EUA, Jake Sullivan, rejeitou a ideia de que a guerra na Ucrânia, que já dura quase três meses, esteja distraindo Biden dessa missão.

Sullivan apontou que Biden receberá na manhã de quinta-feira na Casa Branca os líderes da Finlândia e da Suécia para celebrar suas solicitações de ingresso na Otan, pouco antes de embarcar no Air Force One com destino a Seul.

“Há algo bastante sugestivo em ir do encontro com o presidente da Finlândia e o primeiro-ministro da Suécia para reforçar o impulso por trás da aliança da Otan e a resposta do mundo livre à Ucrânia, para depois subir em um avião e voar para o Indo-Pacífico”, disse Sullivan à imprensa.

– Ventos a favor –

Sullivan observou que Biden segue para a Ásia com “os ventos a seu favor” após o sucesso da liderança dos Estados Unidos na resposta ocidental à ofensiva russa na Ucrânia.

O alto custo militar, diplomático e econômico que a Rússia enfrenta é visto em Washington como uma lição para a China, que tem em mente o controle de Taiwan, atualmente uma democracia.

Mas a Coreia do Norte será um dos pontos discutidos por Biden. Segundo Sullivan, a Coreia do Norte, que desafiou as sanções da ONU ao realizar uma série de testes de mísseis com capacidade nuclear este ano, pode usar a visita de Biden para fazer “provocações”.

Isso significa “novos testes de mísseis, testes de míssil de longo alcance ou um ensaio nuclear, ou francamente ambos, nos dias anteriores, durante ou depois da viagem do presidente à região”, afirmou ele.

Diante disso, Washington está preparado para “fazer ajustes de curto ou longo prazo em nossa postura militar, conforme necessário”, disse Sullivan.

Ele especificou que havia coordenado uma potencial resposta junto à Coreia do Sul e o Japão e que também havia falado sobre o tema na quarta-feira passada com a China.

– “Mais envolvidos” –

De acordo com Sullivan, Washington não busca confrontar a China na viagem, mas sim utilizar a diplomacia para mostrar que o Ocidente e seus parceiros asiáticos não serão divididos nem debilitados.

Destacou a cooperação da Coreia do Sul e do Japão, entre outros, no regime de sanções contra a Rússia liderado pelas potências europeias e os Estados Unidos. Também citou o papel do Reino Unido na recém-criada aliança de segurança Aukus.

“Os países europeus estão cada vez mais envolvidos no Indo-Pacífico”, ressaltou.

“Assim, para nós, existe um certo nível de integração e simbiose na estratégia que perseguimos na Europa e a estratégia que perseguimos no Indo-Pacífico. E a capacidade única do presidente Biden de unir ambas, creio que será um diferencial de sua política exterior”, disse Sullivan.

Essa “poderosa mensagem”, que ele descartou ser “negativa”, será “ouvida em Pequim”.