Por Andrea Shalal e Ann Saphir

WASHINGTON (Reuters) – O presidente dos Estados Unidos, Joe Biden, nomeou nesta sexta-feira a ex-diretora do Federal Reserve Sarah Bloom Raskin para o principal cargo regulatório do Fed e os economistas Lisa Cook e Philip Jefferson para atuar na diretoria da instituição, no que representaria uma revisão demográfica histórica do banco central mais poderoso do mundo.

As nomeações –que podem enfrentar alguma oposição dos republicanos no Senado– preencheriam as fileiras de um painel de sete membros que exerce tremenda influência sobre a maior economia do mundo e tornaria a liderança do Fed a mais diversificada por raça e gênero em seus 108 anos de história. Tanto Cook quanto Jefferson são negros.

As escolhas de Biden para o Fed seguiram sua decisão de nomear Jerome Powell para um segundo mandato como chefe do banco central e promover a diretora Lael Brainard ao cargo de vice-chair. Além disso, dão a Biden a oportunidade de deixar uma marca duradoura em um órgão que define políticas econômicas –particularmente sobre as taxas de juros– que repercutem em todo o mundo.

As nomeações foram anunciadas num momento em que os próprios planos de Biden para a economia no pós-pandemia esbarraram num aumento inesperado na inflação e em disputas partidárias no Congresso –fator que também pode entrar em jogo durante o processo de confirmação dos indicados.

“Este grupo trará conhecimento, julgamento e liderança muito necessários ao Federal Reserve, ao mesmo tempo que trará uma diversidade de pensamentos e perspectivas nunca antes vistas no Conselho de Diretores”, disse Biden em comunicado.

“Eles continuarão o importante trabalho de nos guiar no caminho para uma recuperação forte e sustentável, ao mesmo tempo que garantem que os aumentos de preços não se tornem enraizados no longo prazo.”

DIRETORIA MAIS DIVERSA

Cook, professora de economia e relações internacionais da Universidade Estadual de Michigan, seria a primeira mulher negra a servir como diretora do Fed. Jefferson, professor e administrador sênior do Davidson College, na Carolina do Norte, seria apenas o quarto negro a participar do painel e o primeiro em mais de 15 anos.

Cook escreveu extensivamente sobre as consequências econômicas das disparidades raciais e desigualdade de gênero, e cresceu vivendo a violência da desagregação escolar no sul dos EUA. Jefferson, que trabalhou como pesquisador do Fed no início de sua carreira, escreveu extensivamente sobre salários, pobreza e distribuição de renda, embora não tenha publicado recentemente.

Kevin Hassett, que presidiu o Conselho de Assessores Econômicos do ex-presidente Donald Trump, disse que Jefferson é um “economista incrivelmente inteligente” e um acadêmico sério que deve ser confirmado pelo Senado rapidamente.

“Ele é o tipo de pessoa séria e honrada que o Federal Reserve deveria ter.”

Raskin, que passou quatro anos como diretora do Fed antes de ser escolhida como vice-secretária do Tesouro de 2014 a 2017, deve exercer uma supervisão mais dura em Wall Street do que o vice-presidente de supervisão anterior do Fed, Randal Quarles, que deixou o banco central no fim do ano passado.

As escolhas de Biden implicam que o Conselho de Diretores de sete membros incluiria quatro mulheres, também algo inédito. Atualmente, a diretoria do Fed tem apenas cinco membros, todos brancos, embora essa contagem caia para quatro –dois homens e duas mulheres– depois de o atual vice-chair, Richard Clarida, deixar o conselho nesta sexta-feira, conforme anunciado anteriormente.

“É claramente uma troca de guarda”, disse Larry Katz, professor da Universidade de Harvard. Este é um “novo conjunto inovador de indicados que trará perspectivas e representação importantes para a diretoria”.

(Reportagem de Andrea Shalal; reportagem adicional de Trevor Hunnicutt; gráfico de Ally Levine)

tagreuters.com2022binary_LYNXMPEI0D0N3-BASEIMAGE