O presidente eleito dos Estados Unidos, Joe Biden, anunciou nesta terça-feira (19) a nomeação de uma pediatra transgênero, Rachel Levine, como subsecretária de saúde, um passo sem precedentes que contrasta com as medidas consideradas discriminatórias de seu antecessor Donald Trump.

O democrata foi o primeiro presidente eleito dos Estados Unidos a incluir pessoas trans em seu agradecimento durante seu discurso de vitória em novembro.

Na terça-feira, ele destacou a “opção histórica” de indicar Levine, para a atual diretoria de Saúde do estado da Pensilvânia, que deve ser confirmada pelo Senado.

“Levine trará a liderança constante e a experiência essencial de que precisamos para ajudar as pessoas a superar esta pandemia, independentemente de sua origem, raça, religião, orientação sexual, identidade de gênero ou deficiência”, disse Biden.

Biden já nomeou o hispânico Xavier Becerra, atual procurador-geral da Califórnia, como secretário de saúde.

Levine, também professor universitário de pediatria e psiquiatria, “está prestes a ser o primeiro oficial federal abertamente transgênero a ser confirmado pelo Senado dos Estados Unidos”, disse a equipe de Joe Biden.

Ela então se tornaria a autoridade transgênero de mais alto escalão no governo federal dos Estados Unidos.

Os democratas vão assumir o controle da Câmara Alta nesta semana, que deve confirmar as nomeações presidenciais.

A equipe de Biden observou que Levine já foi confirmada “três vezes” no cargo pelo Senado da Pensilvânia, controlado pelos republicanos.

Anteriormente, ela copresidiu o Departamento de Pediatria do Penn State Hershey Medical Center e foi responsável por sua divisão de medicina para adolescentes.

– “Fardo” –

Após o anúncio de seu triunfo presidencial em 7 de novembro, Biden fez uma menção sem precedentes às pessoas trans.

“Tenho orgulho da coalizão que formamos juntos, a maior e mais diversa da história. Democratas, republicanos e independentes. Progressista, moderada e conservadora. Jovem e idosa. Urbana, suburbana e rural. Homossexual, hetero e transgênero, branca, Latinos, asiáticos, nativos americanos e afro-americanos”, disse ele em Wilmington.

Sua visão contrasta com a do presidente Trump, que aprovou várias medidas polêmicas sobre os direitos das pessoas trans.

Em uma reversão de uma política da era Obama, o governo Trump anunciou em 2017 seus planos de proibir os transgêneros de servir nas Forças Armadas, citando “o fardo dos enormes custos médicos” e “a desorganização que os transgêneros acarretariam ao Exército”.

No início de 2018, o Pentágono finalmente disse que permitiria que pessoas trans que não tinham, nem pretendiam, passar por cirurgia de mudança de sexo, ingressassem nas fileiras militares com base em seu sexo biológico.

A Justiça Federal suspendeu essa nova política por considerá-la “semelhante” à anterior.

Mas a administração Trump apelou e, em janeiro de 2019, a Suprema Corte dos EUA autorizou o bloqueio desses recrutas, enquanto se aguarda uma decisão final sobre essa questão delicada.

Trump também tentou excluir as pessoas trans dos mecanismos de combate à discriminação no emprego.

Seu governo determinou que uma lei federal de 1964 que proíbe a discriminação “com base no sexo” se aplique apenas às diferenças entre homens e mulheres e não às minorias sexuais.

Mas a Suprema Corte dos Estados Unidos decidiu em junho de 2020 contra essa posição, observando que a lei também os protege.