Por Andrea Shalal e Michael Martina e Ryan Woo

WASHINGTON/PEQUIM (Reuters) – O presidente dos Estados Unidos, Joe Biden, alertou o líder chinês, Xi Jinping, nesta sexta-feira, sobre “consequências” se Pequim der apoio material à invasão da Ucrânia pela Rússia, disse a Casa Branca, enquanto ambos os lados enfatizaram a necessidade de uma solução diplomática para a crise.

Embora a Casa Branca não tenha detalhado quais poderiam ser essas consequências, ou como os EUA definiriam “apoio material”, a secretária de imprensa Jen Psaki indicou que os enormes fluxos comerciais da China podem ser afetados.

“As sanções são certamente uma ferramenta na caixa de ferramentas”, afirmou Psaki em um briefing quando perguntada se a China, maior exportadora do mundo, poderia enfrentar tarifas ou sanções comerciais.

Falando após uma videochamada de quase duas horas entre Biden e Xi, Psaki disse que os Estados Unidos comunicariam quaisquer consequências diretamente a Pequim “com nossos parceiros e contrapartes europeus”.

Na ligação, que ocorre em um momento de acirramento profundo entre as duas maiores potências do mundo, Biden detalhou os esforços dos EUA e seus aliados para responder à invasão da Ucrânia, inclusive impondo custos à Rússia.

“Ele descreveu as implicações e consequências se a China fornecer apoio material à Rússia enquanto realiza ataques brutais contra cidades e civis ucranianos”, informou a Casa Branca em comunicado, acrescentando que Biden “ressaltou seu apoio a uma resolução diplomática para a crise”.

Uma autoridade graduada dos EUA que falou com repórteres sobre a ligação disse que Biden comunicou que Pequim enfrentaria consequências não apenas dos EUA, mas do mundo em geral.

“O presidente realmente não estava fazendo pedidos específicos à China”, afirmou a autoridade. “Acho que nossa opinião é que a China tomará suas próprias decisões.”

Segundo o Ministério das Relações Exteriores da China, Xi disse a Biden que a guerra na Ucrânia precisa terminar o mais rápido possível e pediu às nações da Otan que mantenham um diálogo com Moscou. Ele não atribuiu, no entanto, a culpa à Rússia pela invasão, com base nas declarações de Pequim sobre a ligação.

“As principais prioridades agora são continuar o diálogo e as negociações, evitar baixas civis, prevenir uma crise humanitária, cessar os combates e acabar com a guerra o mais rápido possível”, disse Xi.

Xi defendeu o diálogo e as negociações Rússia-Ucrânia e sugeriu que Washington e Otan conduzam conversas com a Rússia para resolver o “ponto crucial” da crise na Ucrânia e as preocupações de segurança da Rússia e da Ucrânia.

“A crise na Ucrânia é algo que não queremos ver”, disse Xi na teleconferência, que foi, segundo a mídia estatal chinesa, solicitada pelo lado norte-americano.

O líder chinês alertou contra sanções.

“Sanções abrangentes e indiscriminadas só fariam as pessoas sofrerem. Se aumentarem ainda mais, elas poderão desencadear sérias crises na economia global e no comércio, finanças, energia, alimentos e cadeias industriais e de suprimentos, paralisando a economia mundial já com problemas e causando perdas irreversíveis”, disse Xi, segundo o ministério.

Na quinta-feira, o secretário de Estado dos EUA, Antony Blinken, disse que o governo norte-americano estava preocupado que a China estivesse considerando ajudar diretamente a Rússia com equipamentos militares para uso na Ucrânia, algo que Pequim tem negado.

Washington também se preocupa que a China possa ajudar a Rússia a contornar as sanções econômicas ocidentais.

Atingir Pequim com o tipo de extensas sanções econômicas já impostas à Rússia teria consequências potencialmente terríveis para os Estados Unidos e o mundo, já que a China é a segunda maior economia do mundo e a maior exportadora.

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