O presidente americano, Joe Biden, disse que concorda com a afirmação de que seu par russo, Vladimir Putin, é um “assassino” e advertiu que “pagará as consequências” por, supostamente, tentar minar sua candidatura nas eleições de 2020 – segundo entrevista exibida nesta quarta-feira (17) pela ABC.

As declarações provocaram indignação imediata de Moscou e marcam um grande contraste com a firme recusa de seu predecessor, Donald Trump, de dizer algo negativo sobre Putin.

Questionado pelo jornalista sobre se achava que o presidente russo “é um assassino”, Biden responde: “Sim, acho”.

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Biden disse que falou com o presidente russo em janeiro, depois de tomar posse.

“Tivemos uma longa conversa, eu e ele. Eu o conheço relativamente bem”, contou Biden, que foi vice-presidente de Barack Obama (2009-2017).

“Eu disse a ele: ‘conheço você e você me conhece. Se ficar confirmado que isso aconteceu, se prepare'”, relatou o político americano.

Biden não especificou se estava se referindo à interferência da Rússia nas eleições americanas, ou a outros comportamentos questionados pelos Estados Unidos, como o envenenamento e prisão do opositor russo Alexei Navalny.

O presidente da Câmara Baixa russa, Viatcheslav Volodin, reagiu em sua conta no aplicativo Telegram, afirmando que a declaração é um “ataque” à Rússia.

“É a histeria decorrente da impotência. Putin é nosso presidente, e um ataque contra ele é um ataque contra o nosso país”, escreveu o influente Volodin, um político próximo do presidente russo que foi número 2 na administração presidencial russa entre 2011 e 2016.

“Biden insultou os cidadãos do nosso país com sua declaração”, completou.

Esta foi a primeira reação de um alto funcionário russo às declarações de Biden.

Desde sua chegada à Casa Branca em janeiro, Biden tem demonstrado grande firmeza em relação ao Kremlin.

No início de março, Washington aplicou sanções a sete funcionários de alto escalão do governo russo, em resposta ao envenenamento de Navalny. Os serviços de Inteligência americanos atribuem a responsabilidade a Moscou.

A Inteligência americana também investiga vários outros fatos que os Estados Unidos suspeitam abertamente da Rússia, incluindo um recente ataque cibernético gigante e o pagamento de recompensas a membros dos talibãs para matar soldados americanos no Afeganistão.

Em um novo relatório, as autoridades americanas também acusaram “atores ligados ao governo russo” de nova interferência eleitoral em 2020, depois daquelas de 2016.

Na entrevista, porém, Biden reafirmou que deseja poder “trabalhar” com os russos “quando for do nosso interesse comum”, como a prorrogação do acordo de desarmamento nuclear New Start decidido pouco depois de chegar ao poder.

A Rússia também denunciou nesta quarta as acusações de interferência eleitoral.

Este relatório “é incorreto, completamente infundado e sem evidências”, declarou à imprensa o porta-voz do Kremlin, Dmitry Peskov.

“A Rússia não interferiu nas eleições anteriores” de 2016 que resultaram na vitória de Donald Trump “e não interferiu nas eleições de 2020”, vencidas por Joe Biden, garantiu.

Segundo ele, este relatório é um “pretexto para colocar de volta na ordem do dia a questão das novas sanções” contra a Rússia.